Fig. 1- Pastel, acrílico em papel num painel de madeira (Altura:73cm; Largura:61cm)
“Yokufuro”, o duo de artistas japoneses composto por dois irmãos, naturais de Kagoshima, ocupa uma “galeria online”, um portefólio que testemunha as influências de Francis Bacon e Katsuhiro Otomo nos trabalhos de Seiichi e Daisei Terazono.
As obras de ambos os artistas contêm uma enorme carga emocional, contrastes entre cores berrantes e momentos de silêncio passeiam por entre as pinceladas expressivas de tinta acrílica e os traços violentos permitidos pelo pastel de óleo. O Jogo entre a forma, a figura, o traço e a cor resultam em composições únicas e vivas.
Na obra de Seiichi Terazono, “Awakening of yellow and blue” (Fig. 1) é imediato o desconforto pálido e inquietante da composição. O corpo, estático, vertical e severo faz sobressaltar a horizontalidade inocente, mas fria da figura encolhida, retraída e apática. Em “She still hopes” o título lê-se no olhar da figura, emoldurada pela sua linguagem corporal. A paleta de cores escuras usada na personagem contrasta com o fundo, dando destaque à sua carga emotiva e à inadequação ao espaço envolvente. Na obra “Ego”, a caracterização da personagem envolta num cenário pesado e fortemente marcado, elevam o traço e a cor usados nesta obra. No desenho intitulado “Drawing #22” a verticalidade e silêncio do suporte contrastam com a violência conseguida com o carvão e o ruído do pastel que ilumina a expressão tremida da figura.
Daisei
Terazono, na obra “A handful of sadness” também trabalha com a luz na ponta do
pincel, dando ênfase também à figura central a um passo mais lento e melódico,
como se capturasse um milésimo de segundo de movimento entre a personagem e o
observador. Em “Figure”, a luz refletida na figura desconstrói-a como um prisma,
banhada pela viscosidade da luz que penetra penosamente o espaço em seu redor,
a figura enquadra-se entre o movimento pesado do fundo.
A
deformação das faces e desconstrução das mesmas em micro expressões, a
transformação de figuras em guerras entre o claro e o escuro, o diálogo entre
formas predominantes e o zumbir do silêncio levam-nos numa viagem das vísceras ao
papel.
