A Ilha, publicado em 1962, foi o último livro que Aldous Huxley
publicou. De gênero ficção utópica, científica, retrata a sociedade perfeita
aos olhos do autor como também o conceito de biopoder.
Um
jornalista, Will Farnaby, naufraga na ilha Pala, uma ilha regida por crenças
assentes no hinduísmo e no budismo que atrai a inveja do mundo exterior. Novas
tecnologias, novas educações e novas maneiras de viver estão presentes neste
novo mundo e cabe a Will descobrir o que está errado na sociedade e no homem
moderno.
Michel Foucault defende que o biopoder não é focado
no individuo em si mas sim em algo coletivo. Este é dividido entre
anátomo-política do corpo e biopolítica da população: anátomo-política consiste
nos dispositivos institucionais que permitem controlar o espaço e tempo, como
as escolas, hospitais, as fábricas e as prisões; a biopolítica da população
volta-se à regulação das massas, utilizando práticas que permitem gerir taxas
de natalidade, epidemias e aumento da longevidade. Foucault defende que para
uma sociedade puder evoluir é necessário existir uma categoria de “sujeito”
onde sejam exercidos uma nova forma de poder. O poder disciplinar nasce como
uma máquina que transforma o corpo do homem para assim dar a possibilitação de
ser um instrumento de interesse económico.
Na obra de Huxley é procurada a perfeição
através de diferentes formas de tecnologia e avanços tanto na mentalidade como
na interação do ser humano. Pode-se, desta maneira, relacionar com a individualização
do sujeito quando este é procurado pelas suas ações no meio em que está
inserido. Por exemplo, no livro, a educação é bastante valorizada pois é esta
que vão formar o caráter e molda a maneira como a pessoa se irá tonar no
futuro, logo, educa-se para a liberdade e felicidade. A educação visa
desenvolver a diversidade dos indivíduos de acordo com as potencialidades de
cada um de modo a transformá-los em seres humanos desenvolvidos, livres e
felizes. De uma maneira indireta, acaba por ser manipulado o pensamento para um
bom funcionamento da sociedade e instala-se um “biopoder” para a política de
vida.
