segunda-feira, 28 de maio de 2018

O Biopoder d’ A Ilha


    A Ilha, publicado em 1962, foi o último livro que Aldous Huxley publicou. De gênero ficção utópica, científica, retrata a sociedade perfeita aos olhos do autor como também o conceito de biopoder.

    Um jornalista, Will Farnaby, naufraga na ilha Pala, uma ilha regida por crenças assentes no hinduísmo e no budismo que atrai a inveja do mundo exterior. Novas tecnologias, novas educações e novas maneiras de viver estão presentes neste novo mundo e cabe a Will descobrir o que está errado na sociedade e no homem moderno.

    Michel Foucault defende que o biopoder não é focado no individuo em si mas sim em algo coletivo. Este é dividido entre anátomo-política do corpo e biopolítica da população: anátomo-política consiste nos dispositivos institucionais que permitem controlar o espaço e tempo, como as escolas, hospitais, as fábricas e as prisões; a biopolítica da população volta-se à regulação das massas, utilizando práticas que permitem gerir taxas de natalidade, epidemias e aumento da longevidade. Foucault defende que para uma sociedade puder evoluir é necessário existir uma categoria de “sujeito” onde sejam exercidos uma nova forma de poder. O poder disciplinar nasce como uma máquina que transforma o corpo do homem para assim dar a possibilitação de ser um instrumento de interesse económico.

    Na obra de Huxley é procurada a perfeição através de diferentes formas de tecnologia e avanços tanto na mentalidade como na interação do ser humano. Pode-se, desta maneira, relacionar com a individualização do sujeito quando este é procurado pelas suas ações no meio em que está inserido. Por exemplo, no livro, a educação é bastante valorizada pois é esta que vão formar o caráter e molda a maneira como a pessoa se irá tonar no futuro, logo, educa-se para a liberdade e felicidade. A educação visa desenvolver a diversidade dos indivíduos de acordo com as potencialidades de cada um de modo a transformá-los em seres humanos desenvolvidos, livres e felizes. De uma maneira indireta, acaba por ser manipulado o pensamento para um bom funcionamento da sociedade e instala-se um “biopoder” para a política de vida.