domingo, 27 de maio de 2018

Propaganda


A Coreia do Norte, oficialmente Republica Democrática da Coreia, situada na parte norte da península da Coreia na Ásia, é conhecida pelo seu regime utilitário onde populações passam fome, não existe liberdade de expressão e se vive com o constante medo de ser preso, torturado e morto. Auto-intitula-se como um estado socialista revolucionário e é governado por um único partido cujo líder, que é descendente de outros lideres, tem praticamente todo o poder sobre o país, sendo muitas vezes comparado a uma monarquia absoluta com algumas características do fascismo europeu.

Neste país, a arte é politizada, de maneira que qualquer forma de expressão artística tem temas em comum: o líder, o regime e propaganda a este mesmos. Na arte, as pintura têm cariz politico e servem para instigar lealdade ao sistema e para ser artista tem que se pertencer à União dos Artistas e só os melhores dos melhores é que podem receber uma autorização para pintar os retratos dos líderes. Na literatura há dois géneros principais. O político é o maior, sendo que a maioria dos livros são sobre os líderes. Depois há a ficção científica que é considerada um género secundário por se afastar dos temas tradicionais políticos. Este género dá mais liberdade aos escritores de explorarem temas que não conseguem com outros tipos de literatura, como a violência, o crime, abuso sexual e outros tópicos, juntando tudo com a evolução tecnológica e a sua glorificação, promovendo conceitos apoiados pelo regime. A música, tal como a literatura, também é politizada, tendo temas como a construção de um país poderoso e a nostalgia.

A reprodutibilidade técnica da arte está a serviço da propaganda do regime, havendo espectáculos para as massas, como eventos desportivos, discursos políticos e paradas militares, onde a população se identifica com as multidões mostradas através de imagens transmitidas pelos média, que por sua vez também são controlados pelo regime. Ao exibir grandes números de pessoas que apoiam a mesma causa ao público, manipulam as populações a pensar da mesma forma. Assim, segundo Walter Benjamin, a “reprodução em massa corresponde de perto à reprodução das massas, ou seja, estas reproduções de músicas, teatros, livros, filmes e outros, todos com temas e história muito semelhantes (por vezes iguais) em grandes quantidades são criadas para mudar a forma de como as pessoas pensam, para uniformizar multidões, criar massas.Esta forma de utilização da arte e o grande controlo que o governo tem sobre ela são essenciais para manter este regime totalitarista. Para Benjamin, o fascismo pratica a estetização da política e o comunismo responde com a politização da arte, que acabam por ser muito semelhantes e essas ideias estão demonstradas neste país, onde as únicas formas de expressão artística que não estão envolvidas com política são aquelas que entram o país ilegalmente e que quem as tem ou vê vai preso. 

A Coreia do Norte é um exemplo de como a reprodutibilidade técnica é usada num contexto político com intenções de oprimir a população de um país, sendo que quase todos os  norte coreanos acreditam nas mentiras do seu líder e são ignorantes ao que se passa no resto do mundo, porque a única forma de arte que eles têm acesso legalmente não passa de propaganda.