domingo, 27 de maio de 2018



Cópia ou Obra de Arte?



     Na sua essência, uma obra de arte sempre foi algo reprodutível.
     O que os Homens faziam e fazem sempre pôde ser imitado por outros Homens. Essa imitação desde sempre foi praticada por discípulos dos grandes artistas, nos seus exercícios, por mestres, para a difusão das obras, e finalmente por terceiros, meramente interessados no lucro.

     De facto, se pararmos para refletir sobre este assunto podemos perceber o quão banal se tornou a reprodução de algo chamado de obra de arte, e com “obra de arte” refiro-me tanto a pinturas, esculturas, fotografias, edifícios, entre outros. Inicialmente esta reprodução começou por ser feita para pequenos estudos mas efetivamente, a meu ver, hoje a reprodução tem maioritariamente o intuito de comercializar e lucrar de modo a fazer render algo que “alguém” ou um conjunto de “alguéns” dedicou tempo, trabalho e essencialmente devoção.  

     Certamente que todos nós já sentimos algumas consequências desta reprodução em massa. Eu, por exemplo, senti isso recentemente quando fui a Londres há cerca de um ano. Sempre estive habituada a ver fotografias do enormíssimo Big Ban na internet e em livros de Inglês no meu percurso escolar, miniaturas em porta-chaves e em pequenas esculturas a que posso provavelmente chamar de bibelôs, mas de facto quando estive frente a frente com esta incrível obra arquitetónica foi quando senti verdadeiramente o seu impactante poder visual e sentimental. Isto significa que mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento estará sempre ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua existência única, no lugar em que ela se encontra. E nessa existência única, e somente nela, é que se desdobra a história da obra. Essa história compreende não apenas as transformações que ela sofreu, com a passagem do tempo, na sua estrutura física, como as relações de propriedade em que ela ingressou, afirma Walter Benjamin. Em troca desta reprodução em massa, desta capacidade de reprodução técnica existe então uma degradação da “aura” sendo que esta consiste numa figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja. Deste modo, este conceito não pode existir numa “cópia” dado que esta não possui existência única, não possui autencidade.