Cópia ou Obra de Arte?
Na
sua essência, uma obra de arte sempre foi algo reprodutível.
O
que os Homens faziam e fazem sempre pôde ser imitado por outros Homens. Essa
imitação desde sempre foi praticada por discípulos dos grandes artistas, nos
seus exercícios, por mestres, para a difusão das obras, e finalmente por
terceiros, meramente interessados no lucro.
De
facto, se pararmos para refletir sobre este assunto podemos perceber o quão
banal se tornou a reprodução de algo chamado de obra de arte, e com “obra de
arte” refiro-me tanto a pinturas, esculturas, fotografias, edifícios, entre
outros. Inicialmente esta reprodução começou por ser feita para pequenos
estudos mas efetivamente, a meu ver, hoje a reprodução tem maioritariamente o
intuito de comercializar e lucrar de modo a fazer render algo que “alguém” ou
um conjunto de “alguéns” dedicou tempo, trabalho e essencialmente devoção.
Certamente que
todos nós já sentimos algumas consequências desta reprodução em massa. Eu, por
exemplo, senti isso recentemente quando fui a Londres há cerca de um ano.
Sempre estive habituada a ver fotografias do enormíssimo Big Ban na internet e em
livros de Inglês no meu percurso escolar, miniaturas em porta-chaves e em pequenas
esculturas a que posso provavelmente chamar de bibelôs, mas de facto quando
estive frente a frente com esta incrível obra arquitetónica foi quando senti
verdadeiramente o seu impactante poder visual e sentimental. Isto significa que
mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento estará sempre ausente: o aqui e
agora da obra de arte, sua existência única, no lugar em que ela se encontra. E
nessa existência única, e somente nela, é que se desdobra a história da obra.
Essa história compreende não apenas as transformações que ela sofreu, com a
passagem do tempo, na sua estrutura física, como as relações de propriedade em
que ela ingressou, afirma Walter Benjamin. Em troca desta reprodução em
massa, desta capacidade de reprodução técnica existe então uma degradação da “aura”
sendo que esta consiste numa figura singular, composta de elementos espaciais e
temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela
esteja. Deste modo, este conceito não pode existir numa “cópia” dado que esta
não possui existência única, não possui autencidade.
