sexta-feira, 25 de maio de 2018

A reprodutibilidade técnica de Warhol, entendida por Benjamin e por nós


    Walter Benjamin conta-nos, com base marxista, como as transformações tecnológicas ao longo dos séculos influenciaram a pro e reprodução da arte, que por sua vez é influenciada pela materialidade. O mundo das artes visuais que continha formas de reprodução mais rudimentares já permitia às populações a reprodução de obras de arte, mas jamais seria possível reproduzi-las em massa, como, com o aparecimento das novas tecnologias de reprodução, podemos observar a partir do século XX.
    No seu texto, temos a perceção de que conforme o período histórico e as suas condições de reprodução, vamos obter diferentes formas de contacto com o sensível, por exemplo, numa sociedade mais campestre e vinculada aos recursos naturais, a perceção de quem dela faz parte é mais simples- amanhece, entardece e tudo se repetirá, por isso, uma obra é mais simples do que provavelmente para alguém que cresceu numa sociedade rodeada de tecnologia. As condições e momentos diferentes criam perceções diferentes e consequentemente maneiras de ver ou até ideologias diferentes e é inevitável que, com o aparecimento destas tecnologias, o distanciamento de um individuo com uma obra e a sua aura seja menor. Se recuarmos no tempo, a quando se produzia uma escultura a partir de um único bloco de pedra, percebemos que essa singularidade artística é já muito difícil de alcançar- a obra não tinha um público, tinha apenas a sua aura para a louvar e, hoje em dia, talvez um pouco por causa do cinema e fotografia, formas de arte pensadas para uma população em massa, perde-se a autoria, a individualização, a autonomia e a unicidade.     Estamos mais próximos da arte, não só para a podermos contemplar, mas também como participantes e esta arte ganhou uma função social.
    Podemos pensar em Andy Warhol e na sua obra em que utiliza uma fotografia vista por todos maioritariamente em publicidade, de Marilyn Monroe, um ícone do cinema, apenas com tonalidades diferentes; Warhol recorreu à reprodutibilidade técnica para “desautomatizar” a nossa visão da atriz. Olhámos para ela de forma diferente, entendemos algo diferente e percebemos que a repetição do antigo pode criar o novo.