Walter Benjamin conta-nos, com base marxista, como as
transformações tecnológicas ao longo dos séculos influenciaram a pro e reprodução
da arte, que por sua vez é influenciada pela materialidade. O mundo das artes
visuais que continha formas de reprodução mais rudimentares já permitia às populações
a reprodução de obras de arte, mas jamais seria possível reproduzi-las em
massa, como, com o aparecimento das novas tecnologias de reprodução, podemos
observar a partir do século XX.
No seu texto,
temos a perceção de que conforme o período histórico e as suas condições de
reprodução, vamos obter diferentes formas de contacto com o sensível, por
exemplo, numa sociedade mais campestre e vinculada aos recursos naturais, a perceção
de quem dela faz parte é mais simples- amanhece, entardece e tudo se repetirá,
por isso, uma obra é mais simples do que provavelmente para alguém que cresceu
numa sociedade rodeada de tecnologia. As condições e momentos diferentes criam perceções
diferentes e consequentemente maneiras de ver ou até ideologias diferentes e é inevitável
que, com o aparecimento destas tecnologias, o distanciamento de um individuo
com uma obra e a sua aura seja menor. Se recuarmos no tempo, a quando se
produzia uma escultura a partir de um único bloco de pedra, percebemos que essa
singularidade artística é já muito difícil de alcançar- a obra não tinha um público,
tinha apenas a sua aura para a louvar e, hoje em dia, talvez um pouco por causa
do cinema e fotografia, formas de arte pensadas para uma população em massa,
perde-se a autoria, a individualização, a autonomia e a unicidade. Estamos mais
próximos da arte, não só para a podermos contemplar, mas também como
participantes e esta arte ganhou uma função social.
Podemos pensar
em Andy Warhol e na sua obra em que utiliza uma fotografia vista por todos
maioritariamente em publicidade, de Marilyn Monroe, um ícone do cinema, apenas
com tonalidades diferentes; Warhol recorreu à reprodutibilidade técnica para “desautomatizar”
a nossa visão da atriz. Olhámos para ela de forma diferente, entendemos algo
diferente e percebemos que a repetição do antigo pode criar o novo.
