Festival Eurovisão
Para esta minha publicação vou simplesmente relacionar dois temas. O tema do Festival da Eurovisão, que neste ano se realiza em Portugal, e a questão da perspectiva orientalista aplicada à sustenção de um nacionalismo extremista.
No enquadramento das aulas de Cultura Visual II, o orientalismo tem vários níveis. Ou seja, tem um sentido mais literal, que é o de disciplina que existia até há pouco tempo nas universidades europeias, mas também pode ser aplicado, utilizando um dos exemplos dado pelo professor, de uma maneira mais conotativa, como por exemplo o dos jogos de vídeo ou da pintura com tema orientalista. Assim, a relação que eu estabeleço é de certa maneira mais um nível em direcção a um sentido conotativo, a competição entre países, seja em competições desta natureza, culturais, como em eventos desportivos, em guerras, em avanço tecnológico, em menor défice, etc.
A pergunta que acredito ser pertinente colocar é: o que é um país? Porque é que existe, quais são as diferenças, porque é que nos temos de dividir e diferenciar baseado em coisas relativamente insignificantes. Não defendo anular-se isso, mas sim tomar uma posição mais liberal e descontraída. Nós nem somos, como Portugueses, dos países mais nacionalistas no contexto europeu, e até uma excepção no aparecimento de partidos de extrema.
Proponho o exercício de olharmos para um evento normal, completamente aceite e banal nas nossas vidas, o Festival da Eurovisão, com uma perspectiva diferente, uma em que tentamos ver o que poderá estar mais escondido. E posso começar por:
O Festival da Eurovisão existe porque existe uma "Europa" e porque existe a disponibilidade para existir esta campetição, por exemplo, a condicionante mais simples, paz entre os países. Haver um competição implica separação, ou seja, grupos diferenciados de pessoas, neste caso, países. Implica uma luta pelo 1º lugar, pelo ser o melhor, pelo ser o mais votado, criando outra vez uma separação, entre os que ganham e os que perdem. E o que a mim me interessa nesta publicação é a questão do nacionalismo. O nacionalismo fanático pode-se dizer que já não existe como regra geral nos países da União Europeia, tirando alguns casos, mas de uma maneira geral não é a ideologia predominante. No entanto, de uma maneira implícita, por exemplo, no caso deste festival, existe. Existe nacionalismo e pode-se dizer algum fanatismo sem fundamento, mas que é justificado socialmente porque tem a justificação de haver uma distância, caraterística da temática orientalista. E aqui é que relaciono com a questão do Orientalismo. Esta perspectiva de que as pessoas podem torcer pelo seu país de uma maneira fanática, envergando muitas das vezes símbolos dos seus países, ou de uma maneira colérica é justificada pelo facto de existir uma espécie de filtro que é este festival. Haver esta separação entre países perpetua o tipo de pensamento de que devem continuar a existir países independentes e que os outros devem ser sempre encarados como estrangeiros e fundamentalmente diferentes de nós, portugueses. O que na minha opinião cria mais problemas do que os que resolve.
Independentemente de tudo isto que enuncio, pessoalmente, todos nos lembramos do Festival da Eurovisão do ano passado em que fomos vencedores, e da estranha sensação de que tínhamos todos individualmente e coletivamente ganho alguma coisa. E o que acho mais importante não é tomar uma posição radical em relação a estas questões de enviesamento, mas sim ter noção de que as coisas podem ser alimentadas por pressupostos fortes e alicerçados na nossa sociedade de uma maneira latente e que é importante ter noção disso, para podermos ponderar e ter consciência do que propagamos como agentes sobre uma ideologia.