domingo, 27 de maio de 2018

       Crianças observam arte pelo o que ela é diretamente, sem subtexto, sem referências escondidas, contexto histórico ou técnicas, apenas interpretam a obra baseando-se nas experiências que tiveram ao longo das suas curtas vidas, como é abordado no final do primeiro episódio do "Ways of Seeing" de Jonh Berger, em relação á pintura.


      São cativadas por coisas que lhes são familiares: pessoas, animais, cores e formas, etc... e curiosas quando lhes é apresentado algum conceito incomum, fazem perguntas, reparam em nuances que podem não ser aparentes para o observador comum. 


     Não tendo pré conceções de arte, nem influências dos media que nos bombardam com estímulos, com enredos repetidos, composições básicas, clichés, os mesmos quatro acordes, tudo isso têm o privilégio de ser uma novidade, de ser o que vai moldar todas as futuras interações com arte.


    Sei que hoje, por ter experiênciado tanta arte, procuro pelos pequenos detalhes que separa uma obra de outras e muitas vezes não consigo aprecia-la como um todo, não existe um fascínio por tudo o que vejo, provavelmente muito pouco me vai impactar e me emocionar como quando era uma criança impressionável.

    Uma das coisas que carateriza uma obra como arte é precisamente o provocamento de alguma emoção no observador, o que a faz marcante é a maneira como nos identificamos nela, como vemos um reflexo de nós proprios, mas, de certo modo, quanto mais nos educamos mais damos importância ao contexto, á técnica, etc..., tanto que talvez nos distraímos do fulcral. Não estando a afirmar que a educação artística seja uma coisa negativa, mas é algo que põe filtros no que vemos ou ouvimos, ao longo do tempo perdemos algo essencial em troca de outro tipo de sensibilidade em relação á arte.