sábado, 26 de maio de 2018

O feminismo em “Um Quarto Só Para Si”


“Um quarto só para si”, de Virginia Woolf, foi publicado pela primeira vez em outubro de 1928.
O livro trata de temas como a liberdade intelectual e financeira da mulher e o papel da mulher na sociedade.
O título é uma parte essencial da tese da autora: que as mulheres necessitam de dinheiro e de um quarto próprio para poderem escrever. Woolf defende que a mulher precisa de liberdade intelectual e financeira para poder controlar a sua vida. Ela salienta ainda que tal liberdade, historicamente, tem sido negada às mulheres resultando em mulheres com talento e ambição que nunca atingem os seus objetivos e potencial por falta de oportunidades.
Para além de estabelecer a necessidade da independência financeira e intelectual das mulheres, Woolf fala dos fatores sociais que negam às mulheres essas oportunidades. Como tal, “Um quarto só para si” é um texto feminista. Mas este não atribui a culpa do estado da sociedade a um homem concreto ou a um esforço coletivo dos homens para suprimir as mulheres, pelo contrário, a autora descreve uma sociedade formada pelos instintos dos diferentes géneros que juntos definem a sociedade e influenciam os comportamentos dos indivíduos e as suas oportunidades.
Isto não quer dizer que a autora não veja a sociedade como estando dramaticamente inclinada a favor dos homens. Ela explora essa inclinação de duas formas. Primeiro, relata a sua experiência pessoal: quando os seus irmãos iam à escola enquanto que ela tinha de ficar em casa visto que o seu pai considerava a educação das filhas um desperdício de dinheiro. Depois cria uma mulher imaginária, Judith Shakespeare, irmã de William Shakespeare. Embora ambos possuíssem igual talento apenas William triunfou enquanto que Judith ficou restringida pela estrutura da sociedade de prosseguir uma educação impedindo assim que atingisse o mesmo patamar do irmão levando então ao seu suicídio.
Embora “Um quarto só para si” não procure culpar os homens, nas suas descrições o seu desagrado em relação a eles é evidente. Nas suas descrições dos homens na Biblioteca Britânica, por exemplo, a sua presença repugnante lembrava a autora de todas as falhas que via na sociedade.
Finalmente, é necessário ter em conta que a obra foi criada a partir de uma série de palestras que Virginia Woolf deu a mulheres nas primeiras faculdades para mulheres em Cambridge. Junto dessas mulheres, a autora cria um sentimento de comunidade de mulheres fortes e educadas que podem igualar ou superar os homens que nascem com mais privilégios. Esta é não só uma mensagem de esperança como também um incentivo à ação das mulheres para mudarem a sua própria posição não só na literatura como também na sociedade.