“Um quarto só para si”, de Virginia Woolf, foi publicado pela primeira vez em outubro de 1928.
O livro trata de temas como a liberdade intelectual e financeira da mulher e o papel da mulher
na sociedade.
O título é uma parte essencial da tese da autora: que as mulheres necessitam de dinheiro e de
um quarto próprio para poderem escrever. Woolf defende que a mulher precisa de liberdade
intelectual e financeira para poder controlar a sua vida. Ela salienta ainda que tal liberdade,
historicamente, tem sido negada às mulheres resultando em mulheres com talento e ambição
que nunca atingem os seus objetivos e potencial por falta de oportunidades.
Para além de estabelecer a necessidade da independência financeira e intelectual das
mulheres, Woolf fala dos fatores sociais que negam às mulheres essas oportunidades. Como
tal, “Um quarto só para si” é um texto feminista. Mas este não atribui a culpa do estado da
sociedade a um homem concreto ou a um esforço coletivo dos homens para suprimir as
mulheres, pelo contrário, a autora descreve uma sociedade formada pelos instintos dos
diferentes géneros que juntos definem a sociedade e influenciam os comportamentos dos
indivíduos e as suas oportunidades.
Isto não quer dizer que a autora não veja a sociedade como estando dramaticamente inclinada
a favor dos homens. Ela explora essa inclinação de duas formas. Primeiro, relata a sua
experiência pessoal: quando os seus irmãos iam à escola enquanto que ela tinha de ficar em
casa visto que o seu pai considerava a educação das filhas um desperdício de dinheiro. Depois
cria uma mulher imaginária, Judith Shakespeare, irmã de William Shakespeare. Embora ambos
possuíssem igual talento apenas William triunfou enquanto que Judith ficou restringida pela
estrutura da sociedade de prosseguir uma educação impedindo assim que atingisse o mesmo
patamar do irmão levando então ao seu suicídio.
Embora “Um quarto só para si” não procure culpar os homens, nas suas descrições o seu
desagrado em relação a eles é evidente. Nas suas descrições dos homens na Biblioteca
Britânica, por exemplo, a sua presença repugnante lembrava a autora de todas as falhas que
via na sociedade.
Finalmente, é necessário ter em conta que a obra foi criada a partir de uma série de palestras
que Virginia Woolf deu a mulheres nas primeiras faculdades para mulheres em Cambridge.
Junto dessas mulheres, a autora cria um sentimento de comunidade de mulheres fortes e
educadas que podem igualar ou superar os homens que nascem com mais privilégios. Esta é
não só uma mensagem de esperança como também um incentivo à ação das mulheres para
mudarem a sua própria posição não só na literatura como também na sociedade.
