domingo, 27 de maio de 2018

(In)dependentes

Fazemos parte de uma sociedade que se julga competente, forte e independente. Podemos ser todos estes e mais alguns adjetivos - uns mais positivos que outros - que nos dão uma autoconfiança extraordinária.
Porém, vivemos constantemente agarrados a aparelhos de aproximadamente 7x14,5 cm -  no autocarro, no metro, na escola, em casa, num restaurante, na rua, no WC... Somos dependentes de aparelhos tecnológicos, também conhecidos como telemóveis ou smartphones, que controlam a nossa vida quase ao milésimo de segundo - o despertador para acordar, o lembrete para beber 2 litros de água por dia (um a cada 3 minutos), a aplicação das receitas fit, o Facebook para "cuscar" a vida dos outros, o Instagram para mostrarmos a nossa vida com 357 filtros de imagem diferentes, o Pinterest para ter ideias geniais para decorar a casa e executar o Feng Shui da forma mais eficaz, os editores de fotografia, uma aplicação para ver séries e filmes enquanto andamos de autocarro, o Spotify para ouvir musica com anúncios se não formos clientes Premium, jogos para nos entretermos no metro e evitar o contacto visual com desconhecidos até chegarmos ao nosso destino... São todo um conjunto de possibilidades tecnológicas que cada vez mais nos afastam da nossa independência e de todos os outros seres humanos que todos os dias nos acompanham na viagem de metro até ao trabalho ou à escola, exatamente na mesma carruagem, todos os dias - simplesmente não os reconhecemos ou sequer prestamos atenção, porque a vida das Kardashians é, sem dúvida, um tema muito mais interessante e merecedor do nosso tempo.