domingo, 27 de maio de 2018

O Retrato de Dorian Gray

    O Retrato de Dorian Gray é o último romance filósifico do escritor e dramaturgo Oscar Wilde, publicado pela primeira vez em 1890 na revista mensal Lippicott´s Monthly Magazine. Foi uma obra sujeita a muita censura, pois os editores temiam que fosse uma história indecente, mas mesmo assim, feriu a sensibilidade moral dos críticos da altura, alguns dos quais, chegaram a acusar Wilde de violar as leis que protegia a moralidade pública. Apesar de tudo isso , Wilde continuou a defender a sua obra e a sua arte em correspondência com a imprensa. O livro tornou-se famoso no seu próprio direito literário pela sua critica social e cultural, sendo um exemplo de literatura gótica com fortes temas interpretados a partir da lenda de Fausto.
    O enredo da história centra-se em torno da pintura do retrato de Dorian Gray, um jovem de 20 anos pertencente à alta burguesia inglesa da Era Vitoriana, dono de uma beleza inimaginável; do seu pintor Basil Hallward, um sensível artista, que se acaba por apaixonar por Dorian e do sei amigo Henry Wotton, um homem opinativo, cuja visão hedonista do mundo que vai influenciar Dorian ao longo do romance.
     Após se deparar com o resultado final do seu retrato, Dorian chega à conclusão de que a beleza é o único aspecto da vida que importa e deseja amargamente que o retrato feito por Basil envelheça em vez dele a fim de não perder a sua preciosa qualidade.
No decorrer da acção, Dorian conhece a atriz Sibyl Vane, que atua em peças de Shakespeare num teatro sombrio nos subúrbios da cidade, por quem acaba por se enamorar e a quem  propõe casamento . Sibyl não cabe em si que felicidade, mas o seu irmão, James ameaça matar Dorian se algo acontecer à sua irmãzinha.
Uma noite, Dorian convida Basil e Lord Henry para ver Sibyl atuar, mas esta renuncia à sua carreira de atriz por querer substituir o único amor que conhecia até então, ou seja o amor que representava, pelo verdadeiro amor que sentia por Dorian. Mas Dorian não aceita essa decisão e rejeita-a, dizendo que a sua única beleza era atuar e que sem isso Sibyl não tem mais interesse. Quando volta a casa depois desse acontecimento Dorian depara-se com uma ligeira alteração no seu retrato, este apresenta agora um sorriso cruel.
    Consciente da sua frieza, tenta reconciliar-se com Sibyl, mas Henry informa-o de que esta se suicidou tomando ácido cianídrico. A partir de então Dorian começa uma vida de luxuria e vícios que se estende pelos 18 anos seguintes, influenciada por um romance venenoso, oferecido pelo Lord Henry.
Uma noite, Basil visita Gray, para lhe perguntar sobre os rumores relacionados com a vida que este leva. Dorian mostra-lhe o retrato, agora hediondo pela sua corrupção e culpa Basil pelo seu destino , apunhalando-o até á morte.
     Para se escapar do crime, Dorian planeia destruir o corpo com ácido nítrico e decide ir a um antigo antro de ópio procurar por tal substancia, mas por azar encontra James, irmão de Sibyl que aproxima com intenção de o matar. Dorian desculpa-se dizendo que é demasiado novo para ser quem James procura, mas mais tarde este vem a descobrir que era de facto Dorian Gray, mas que este não tinha envelhecido nos 18 anos que tinham passado.
    Dorian teme pela vida, mas, durante uma caçada, um caçador atira e mata por engano James Vane, para alivio do protagonista.
    Depois deste golpe de sorte, Dorian decide que é altura para mudar a sua vida e foca-se então, em não destruir o coração do seu novo interesse romântico, Hetty Merton. Apesar dos seus esforços, o retrato não apresenta nenhuma melhoria e Dorian percebe que apenas uma confissão o absolverá dos seus crimes.
Incapaz de o fazer, Dorian decide destruir o retrato, com a mesma faca com que matou Basil. Ao fazê-lo, Dorian acaba também por ser esfaqueado e é mais tarde encontrado pelos seus criados, mas o seu cadáver é agora quase irreconhecível e ao seu lado jaz o seu retrato, que voltou assim ao seu estado original.
     O tema mais presente neste livro é sem duvida o "Esteticismo". Ao longo da narrativa, este é apresentado como uma abstracção absurda que critica mais do que dignifica o conceito de beleza. 
     A duplicidade moral também esta muito presente na personagem de Dorian, que aproveita profundamente o prazer de uma vida dupla, facto evidente quando este está presente numa resta da Alta Burguesia poucas horas depois de ter cometido um assassinato, sendo ao mesmo tempo um homem refinado e um criminoso grosseiro.
     Apesar de não ser de tão fácil leitura, este livro despertou um grande interesse em mim, pois apesar de não ser recente, podemos transcrever os assuntos tratados para a actualidade, como por exemplo, a dualidade personalidade/beleza entre outros. 
     O conceito deste livro não é particularmente novo, mas, a naturalidade e a aceitação de coisas como o facto de ser possível parar o envelhecimento ou de se ter a vida ligada a um retrato, em que este mostra o estado da nossa alma, factos que são tidos como garantidos, sem nenhuma explicação, criam em volta deste livro uma aura de mistério, que o faz, na minha opinião relevante, embora já tenham passado tantos anos  desde a sua criação.