No âmbito do Dia Internacional dos Museus, durante os dias
18 a 20 de Maio deste ano, o Serviço Educativo do Museu Berardo decidiu
autorizar os visitantes a participar na atividade denominada “EspelhosViajantes”. Esta atividade interativa pretendia que o público pudesse utilizar
uma superfície espelhada para criar um registo fotográfico único, com as suas
obras prediletas. Estas fotografias seriam posteriormente publicadas nas redes
sociais.
Dito isto, é possível estabelecermos uma relação entre esta
singular atividade e o pensamento de John Berger. Logo no primeiro episódio de
“Ways of Seeing”, Berger reflete sobre como a reprodução de obras de arte por
parte da fotografia tirou algo às mesmas. Enquanto os originais mantém o seu
valor material e monetário, o valor simbólico é perdido de
vido à sua reprodução em massa. Passando agora a citar o próprio crítico de arte: “The meaning of a painting no longer resides in its unique painted surface, which is only possible to see in one place at one time. Its meaning, or a large parto f it, has become transmittable. It comes to you, this meaning, like the news of na event. It has become information of a sort.”
vido à sua reprodução em massa. Passando agora a citar o próprio crítico de arte: “The meaning of a painting no longer resides in its unique painted surface, which is only possible to see in one place at one time. Its meaning, or a large parto f it, has become transmittable. It comes to you, this meaning, like the news of na event. It has become information of a sort.”
“Ways of Seeing”, porém, é um programa dedicado à pintura
europeia das Idades Média e Moderna. Por outro lado, o Museu Berardo é um
espaço dedicado à Arte Moderna e à Arte Contemporânea. Nos dias de hoje, o
valor de uma obra de arte não é definida pela sua realização técnica ou
capacidade de reproduzir a realidade vista pelos olhos do artista. Arte é agora
a capacidade de inovar e de explorar, sendo a pintura e a escultura muitas
vezes intrincada com a fotografia ou a performance, por exemplo.
Com efeito, “Espelhos Viajantes” pode ser considerada uma
performance que tira partido deste conceito da reprodução da pintura comentado
por John Berger. Permitindo que os visitantes reproduzam as obras expostas nas
diversas coleções do Museu Berardo de uma maneira, muitos o dirão, mais
artística, estas fotografias representam, de certa forma, uma performance, uma
diferente forma de arte.
Em suma, talvez a reprodução em massa da pintura não seja
algo completamente negativo, como sugere John Berger. Sim, diminuiu, talvez, o
valor simbólico da arte, mas criou também um novo, em que a arte tradicional
que remonta à própria Antiguidade Clássica possibilita a criação de algo
diferente, relevante, naquilo que chamamos de Arte Contemporânea nos dias de
hoje.
