sábado, 26 de maio de 2018

As Mulheres e o Nu


     A partir da infância que as mulheres são “ensinadas” a ser exigentes e cuidadosas com a sua aparência, pois a maneira como as pessoas a veem, em especial os homens é extremamente importante, e muitas vezes considerado o sucesso da sua vida. Elas tornam-se assim inseguras e extremamente auto depreciativas, pensando em todas as coisas que fazem e como os outros as veem enquanto as fazem.
     Desde há muito que a mulher é associada ao prazer de olhar, e é possível que essa ideia tenha sido reforçada pela arte europeia da antiguidade. Nessa, a mulher sempre foi vista como uma paisagem para ser observada. Havia retratos tanto de homens como de mulheres, mas numa certa categoria as mulheres eram sempre as representadas, sendo esta o nu.
     Kenneth Clark diz que estar nu é simplesmente estar despido, sem roupa, que é simplesmente uma forma de arte.
     Mas John Berger considera que ao estar despidos estamos a ser nós próprios, e que ao estarmos nus, somos vistos despidos, mas não somos reconhecidos por nos próprios. O nu implica que estamos a ser vistos por outros, em que, não estamos despidos como somos, mas estamos despidos como nos veem, daí o nu ter de ser visto como um objeto.
     Muitas pinturas europeias demonstram essa ideia do prazer em olhar o nu representando mulheres nuas que estão sempre com uma posição relaxada e que, mesmo havendo personagens masculinas a interagir com elas, o seu olhar está sempre direcionado ao observador, dando-lhes assim um carácter submissivo e ao observador um mais dominante.
     Uma obra que, na minha opinião, demonstra bem esse carácter é “vénus de Urbino” de Ticiano, pois além das outras personagens da obra, a nossa atenção é imediatamente focada na personagem nua da mulher, que está deitada e a olhar para o observador com um olhar sugestivo e sedutor, transmitindo assim prazer ao observador.