quarta-feira, 16 de maio de 2018

Cinco Lésbicas e uma Quiche


Peça de teatro comédia, em que a história é passada no ano de 1956 nos Estados Unidos, em plena guerra fria entre americanos e soviéticos, quando estava eminente o perigo de um ataque nuclear. Uma comunidade feminina realiza o seu Encontro Anual de Quiches, uma espécie de concurso em que cada mulher dona de casa apresenta a sua quiche com o objectivo de poder vir a ser a vencedora do ano.
Este encontro da “Sociedade de Irmãs, Viúvas, Independentes, Bem Conservadas e … Com Boas Maneiras” tem como lema principal: “Nada de homens, nada de carne, só boas maneiras!” O encontro, protagonizado em palco por cinco mulheres, cujas personagens são: Verónica, Lulie, Ginny, Dale e Wren, decorre este ano por motivo de segurança, no interior de um abrigo nuclear com uma porta blindada programada para se bloquear no caso de um ataque.
Logo após se terem reunido e instalado para o pequeno almoço de quiches, Dale vai tirando algumas fotos para assinalar o momento e vão-se notando algumas insinuações e gestos corporais entre elas, tudo feito com algum humor à mistura. Começa a instalar-se um clima entre elas de poderem vir a acontecer revelações sobre alguns temas tabu. Por esta altura Ginny numa espécie de descontrole debruça-se sobre a mesa onde estava a quiche vencedora e “devora-a” de forma pouco comum. Um dos momentos mais hilariantes desta peça.
Com o tocar do alarme no abrigo a alertar para o ataque nuclear, o pânico instala-se entre elas, agora só seria possível sair em segurança para o exterior passados quatro anos. As mulheres vão começando a confessar que afinal nunca foram casadas, nem são viúvas, e todas se vão revelar e surpreender, assumindo-se uma a uma como lésbicas e celebrando esse momento de forma desinibida com alguns beijos bem quentes.  Por entre revelações de alguns traumas com homens, como o caso de Dale que teria tido em criança uma discussão com o pai, tendo sido o último homem com quem falou e passando a partir daí a comunicar apenas por bilhetes escritos. Chegada a vez de Lulie, esta confessa para espanto das outras quatro estar grávida de três meses. Ficando incrédulas e horrorizadas com a revelação e a possibilidade desta poder vir a dar à luz um bebé do sexo masculino. Depois de alguma discussão sobre essa possibilidade, aparece algum consenso e o futuro bebé acaba por ser bem vindo, podendo o destino ter ali garantida a sobrevivência e continuação da espécie.  Agora havia que se deliberar através da escolha da mais nova entre as cinco mulheres para uma futura procriação.
O desfecho desta história dá-se com o sacrifício de Dale, que na impossibilidade de se conseguir alimento necessário dentro do abrigo para o bebé, se oferece para ir ao exterior em quarenta e cinco segundos, seria este o tempo máximo aguentado lá fora para sobreviver. Consegue trazer para o interior várias quiches, só que a dada altura toca novamente o alarme de ataque nuclear e, naquele instante a porta blindada bloqueia-se, ficando esta lá fora e vindo a morrer passado pouco tempo. As quatro mulheres depois de chorarem a morte da amiga reconhecem-na como uma heroína, pois com o seu gesto estava assegurada a sobrevivência da espécie humana e a salvação da América. Um final de história bem ao estilo americano.
Nesta peça de teatro em que as personagens convidam e envolvem  de forma humorística e divertida o público na plateia a fazer parte da irmandade (“-… estamos aqui cento e trinta e cinco irmãs…”), é retratado o feminismo nos anos cinquenta na América e que acaba por ser um tema que está sempre na ordem do dia, servindo também como manifesto a agitar consciências.
A peça tem como autores do texto Evan Linder e Andrew Hobgood e encenação de Pedro Sousa Costa. As actrizes são Anabela Teixeira, Joana Câncio, Leonor Seixas, Paula Neves e Teresa Tavares.