Peça
de teatro comédia, em que a história é passada no ano de 1956 nos Estados
Unidos, em plena guerra fria entre americanos e soviéticos, quando estava
eminente o perigo de um ataque nuclear. Uma comunidade feminina realiza o seu
Encontro Anual de Quiches, uma espécie de concurso em que cada mulher dona de
casa apresenta a sua quiche com o objectivo de poder vir a ser a vencedora do
ano.
Este
encontro da “Sociedade de Irmãs, Viúvas, Independentes, Bem Conservadas e … Com
Boas Maneiras” tem como lema principal: “Nada de homens, nada de carne, só boas
maneiras!” O encontro, protagonizado em palco por cinco mulheres, cujas
personagens são: Verónica, Lulie, Ginny, Dale e Wren, decorre este ano por
motivo de segurança, no interior de um abrigo nuclear com uma porta blindada
programada para se bloquear no caso de um ataque.
Logo
após se terem reunido e instalado para o pequeno almoço de quiches, Dale vai
tirando algumas fotos para assinalar o momento e vão-se notando algumas
insinuações e gestos corporais entre elas, tudo feito com algum humor à
mistura. Começa a instalar-se um clima entre elas de poderem vir a acontecer
revelações sobre alguns temas tabu. Por esta altura Ginny numa espécie de
descontrole debruça-se sobre a mesa onde estava a quiche vencedora e “devora-a”
de forma pouco comum. Um dos momentos mais hilariantes desta peça.
Com
o tocar do alarme no abrigo a alertar para o ataque nuclear, o pânico
instala-se entre elas, agora só seria possível sair em segurança para o exterior
passados quatro anos. As mulheres vão começando a confessar que afinal nunca
foram casadas, nem são viúvas, e todas se vão revelar e surpreender,
assumindo-se uma a uma como lésbicas e celebrando esse momento de forma
desinibida com alguns beijos bem quentes. Por entre revelações de alguns traumas com
homens, como o caso de Dale que teria tido em criança uma discussão com o pai,
tendo sido o último homem com quem falou e passando a partir daí a comunicar
apenas por bilhetes escritos. Chegada a vez de Lulie, esta confessa para espanto
das outras quatro estar grávida de três meses. Ficando incrédulas e
horrorizadas com a revelação e a possibilidade desta poder vir a dar à luz um
bebé do sexo masculino. Depois de alguma discussão sobre essa possibilidade,
aparece algum consenso e o futuro bebé acaba por ser bem vindo, podendo o
destino ter ali garantida a sobrevivência e continuação da espécie. Agora havia que se deliberar através da
escolha da mais nova entre as cinco mulheres para uma futura procriação.
O
desfecho desta história dá-se com o sacrifício de Dale, que na impossibilidade
de se conseguir alimento necessário dentro do abrigo para o bebé, se oferece
para ir ao exterior em quarenta e cinco segundos, seria este o tempo máximo
aguentado lá fora para sobreviver. Consegue trazer para o interior várias
quiches, só que a dada altura toca novamente o alarme de ataque nuclear e, naquele
instante a porta blindada bloqueia-se, ficando esta lá fora e vindo a morrer
passado pouco tempo. As quatro mulheres depois de chorarem a morte da amiga
reconhecem-na como uma heroína, pois com o seu gesto estava assegurada a
sobrevivência da espécie humana e a salvação da América. Um final de história
bem ao estilo americano.
Nesta
peça de teatro em que as personagens convidam e envolvem de forma humorística e divertida o público na
plateia a fazer parte da irmandade (“-… estamos aqui cento e trinta e cinco
irmãs…”), é retratado o feminismo nos anos cinquenta na América e que acaba por
ser um tema que está sempre na ordem do dia, servindo também como manifesto a
agitar consciências.
A
peça tem como autores do texto Evan Linder e Andrew Hobgood e encenação de
Pedro Sousa Costa. As actrizes são Anabela Teixeira, Joana Câncio, Leonor
Seixas, Paula Neves e Teresa Tavares.