domingo, 27 de maio de 2018

” Não se nasce mulher, torna-se mulher”


Em 1949, Simone Beauvoir escreveu o livro “Segundo sexo” onde evidencia o desenvolvimento da opressão masculina por meio de análise da história, literatura e dos mitos atribuindo, assim, os efeitos contemporâneos dessa opressão ao facto de ter-se estabelecido o masculino como norma positiva.

                O mundo masculino apropriou-se do positivo (ser homem) e do neutro (ser humano) e conceituaram o feminino como uma particularidade negativa, a fêmea. Consequentemente, a mulher foi identificada como o “outro “e o sexo frágil de onde resultou uma perda de identidade social e pessoal.

                A mulher, desde do início, foi um ser inferiorizado pela sociedade. Por diversos séculos, esta teve pouca participação sendo destinada aos mandos do seu senhor. O marido era o chefe do lar, mandando e definindo o que era certo e errado e, portanto, o que era bom para o seu grupo familiar. Esta situação ocorria de forma natural, como um ciclo vicioso. A filha casava-se, sendo, mais uma vez, subordinada e, assim, ela repassava os seus costumes para o seu novo núcleo familiar. Inferioridade era um sinónimo de mulher, que após de inúmeras lutas, vem conseguindo seu estatuto como cidadã que possui direito e deveres iguais.

                Na contemporaneidade, a mulher apesar de não ter assumido por completo o seu papel, ela vem ganhando um estatuto na sociedade a cada dia que passa. A mulher sai do anonimato e se encaixa na sociedade, como uma pessoa comum, a qual é dotada de deveres e direitos como o homem.  Detentora da liberdade inclusive liberdade de expressão.

                Apesar das lutas pelos seus direitos e deveres, por uma vida melhor e pelo seu reconhecimento enquanto ser humano, ainda existem países onde as mulheres são tratadas como escravas e objetos sexuais. No médio oriente, a sociedade convive com costumes que são considerados medievais. Lá, a mulher após se casar, passa a ser propriedade do marido e podem ser agredidas, presas, estrupadas sem ter a quem recorrer.

                Estamos no século XXI e no médio oriente e inúmeros homens agem como sultões onde estes acreditam que a mulheres estão destinadas a servi-los. Segregação, maus tratos, mutilação de órgãos genitais, estupros, tortura e crimes de honra onde o marido sai, praticamente, imune. Isto porque, de acordo com leis religiosas, os homens têm o direito de ter poder sobre a mulher.  Assim, esta não tem qualquer tipo de ajuda e se tentarem denunciar qualquer desumanidade exercidas nelas, dispõem-se a sofrer punição.

                Visto isto, ainda que vivemos num mundo onde a mulher ganhou um papel de igualdade ainda existe países onde a mulher é o “segundo sexo”, porém, há mulheres que não se conformam com a sua situação e lutam pelos seus direitos. Assim, demonstram que as mulheres não nascem “femininas” e que não se devem ajustar ao que esse conceito supõe, em seu tempo e em sua cultura. Deste jeito, vão ao encontro da primeira citação do segundo livro de Simone Beauvoir:” Não se nasce mulher, torna-se mulher”.