Em 1949, Simone Beauvoir escreveu
o livro “Segundo sexo” onde evidencia o desenvolvimento da opressão masculina
por meio de análise da história, literatura e dos mitos atribuindo, assim, os
efeitos contemporâneos dessa opressão ao facto de ter-se estabelecido o
masculino como norma positiva.
O
mundo masculino apropriou-se do positivo (ser homem) e do neutro (ser humano) e
conceituaram o feminino como uma particularidade negativa, a fêmea.
Consequentemente, a mulher foi identificada como o “outro “e o sexo frágil de onde
resultou uma perda de identidade social e pessoal.
A
mulher, desde do início, foi um ser inferiorizado pela sociedade. Por diversos
séculos, esta teve pouca participação sendo destinada aos mandos do seu senhor.
O marido era o chefe do lar, mandando e definindo o que era certo e errado e,
portanto, o que era bom para o seu grupo familiar. Esta situação ocorria de
forma natural, como um ciclo vicioso. A filha casava-se, sendo, mais uma vez,
subordinada e, assim, ela repassava os seus costumes para o seu novo núcleo
familiar. Inferioridade era um sinónimo de mulher, que após de inúmeras lutas,
vem conseguindo seu estatuto como cidadã que possui direito e deveres iguais.
Na
contemporaneidade, a mulher apesar de não ter assumido por completo o seu
papel, ela vem ganhando um estatuto na sociedade a cada dia que passa. A mulher
sai do anonimato e se encaixa na sociedade, como uma pessoa comum, a qual é
dotada de deveres e direitos como o homem. Detentora da liberdade inclusive liberdade de
expressão.
Apesar
das lutas pelos seus direitos e deveres, por uma vida melhor e pelo seu
reconhecimento enquanto ser humano, ainda existem países onde as mulheres são
tratadas como escravas e objetos sexuais. No médio oriente, a sociedade convive
com costumes que são considerados medievais. Lá, a mulher após se casar, passa
a ser propriedade do marido e podem ser agredidas, presas, estrupadas sem ter a
quem recorrer.
Estamos
no século XXI e no médio oriente e inúmeros homens agem como sultões onde estes
acreditam que a mulheres estão destinadas a servi-los. Segregação, maus tratos,
mutilação de órgãos genitais, estupros, tortura e crimes de honra onde o marido
sai, praticamente, imune. Isto porque, de acordo com leis religiosas, os homens
têm o direito de ter poder sobre a mulher. Assim, esta não tem qualquer tipo de ajuda e
se tentarem denunciar qualquer desumanidade exercidas nelas, dispõem-se a
sofrer punição.
Visto
isto, ainda que vivemos num mundo onde a mulher ganhou um papel de igualdade ainda
existe países onde a mulher é o “segundo sexo”, porém, há mulheres que não se conformam
com a sua situação e lutam pelos seus direitos. Assim, demonstram que as
mulheres não nascem “femininas” e que não se devem ajustar ao que esse conceito
supõe, em seu tempo e em sua cultura. Deste jeito, vão ao encontro da primeira citação
do segundo livro de Simone Beauvoir:” Não se nasce mulher, torna-se mulher”.