A palavra “nu” pode
ser interpretada de várias formas: a inexistência de roupa sobre o corpo,
ausência de qualquer disfarce ou ilusão, e representação do corpo para agrado
do espetador.
Estar nu, não
significa simplesmente o ato de nudez, mas o seu significado varia dependendo
da maneira como o corpo e a pessoa representada são retratados.
Desde cedo a nudez
esteve presente na arte, quer para retratar cenas bíblicas, quer para
representar idealizações do corpo humano. Mas quando passou de ser um retrato
de algo, para a objetificação do corpo?
Na maioria das
pinturas europeias, há uma grande tendência em representar a mulher como um
objeto onde a sua nudez é como um género de adereço que está ali para ser
apreciado e com o objetivo de satisfazer. Por consequência, a ideia de que o
corpo da mulher é visto como um objeto de fins satisfatórios para o espetador
masculino expande, fazendo com que a nudez feminina se torne num elemento
decorativo capaz de provocar prazer, onde o seu olhar, estando sozinha ou não
na ação em que esta representada, está fixado apenas numa coisa, o espetador.
Qualquer tipo de
poder ou dominância que a mulher possa ter, seja a sua expressão sejam
quaisquer sinais de pelos ou o “à vontade”, são minimizados, pois o importante
é dar ao homem a sensação de ser o que domina.
Podemos então
questionar onde realmente se encontra a sexualidade da obra. Estará a mesma
dentro e presente na obra ou estará talvez à frente da obra, na pessoa que a observa
e admira?
Dürer dizia ainda
que podíamos atingir uma representação idealizada, pegando em partes de vários
corpos para fazer um perfeito, mas não seria isto apenas uma ideia que
desvalorizava ainda mais quem é representado? Não significa uma indiferença
ainda maior pela mulher, visto que quem se continua a querer agradar acima de
tudo é o espetador, que simplesmente olhará para a pintura como algo a expor e
admirar?
Noutro contexto, por
exemplo em Rembrandt, a nudez observa-se quase como um poema visual, é
representada como a mulher realmente é, captando a atenção do espetador, mas
mantendo uma representação fiel, desprovida de qualquer dissimulação ou
intenção de objetificar o corpo feminino. O corpo e a alma estão representados
como são.
Podemos
também observar que em outras culturas, a mulher ao invés de ser representada
como um objeto ou até com o fim de satisfazer, é representada como um igual que
participa na pintura com a mesma importância que o homem. Podemos observar nas
pinturas asiáticas da índia, que nas de carácter mais erótico, a mulher não é
de maneira nenhuma menosprezada ou subvalorizada, a mulher esta ali para
agradar ninguém se não a ela mesma, não fixando o espetador porque a ação em
que participa é de longe mais importante.