sexta-feira, 25 de maio de 2018

Aura da criatividade, Dalí vendia e rendia.



Walter Benjamin mostra que, cada vez mais a reprodução de uma obra de arte é criada para ser reproduzida, a questão da autenticidade das cópias não tem nenhum sentido. Mas, no momento em que o critério da autenticidade deixa de aplicar-se à produção artística, toda a função social da arte se transforma. Em vez de fundar-se no ritual, esta passa a fundar-se em outra práxis: a política, uma exploração crescente do proletariado, mas também, a criação de condições para a sua própria supressão.
Stan Lauryssens, mostra-nos no livro “Dalí e Eu, Uma História Surreal” esta mesma exploração e dissimulação, uma realidade para a qual muitos não aceitariam. Uma obra, que, segundo o autor, não é de ficção em que os acontecimentos narrados ocorreram tal e qual como este os recorda.
No seu livro, Stan Lauryssens descreve que, durante mais do que uma década amealhou uma fortuna na qualidade de negociante de obras de Salvador Dali. Começou a vender "sonhos", quadro hipoteticamente valiosos, mas na realidade não passavam de falsificações.
 Rapidamente, Stan descobre que quem tinha o negócio mais fraudulento era o próprio Dali. À medida que os anos passavam e este se aproximava do círculo íntimo do pintor, os bastidores de um mundo onde comércio e conspiração andam lado a lado eram-lhe revelados.
As excentricidades e as ideias surreais faziam de Salvador Dali um extravagante, vivia, comia e dormia surrealismo. Achava-se um génio e agia com a excentricidade que acreditava dever atribuir-se aos seres especiais. Sedento de dinheiro foi o maior trapaceiro da sua própria obra, criando falsificações e cópias com a sua assinatura, levando a uma especulação monetária absolutamente irreal.
A mentira foi a sua a maior arma utilizada, assim como Stan, que se tornou negociante de arte por acaso e “especialista” em Dali sem saber nada de arte ou sequer conhecer as suas obras.
Questiono-me porém a veracidade de algumas descrições, pela perplexidade e espanto em que me deixaram. Um livro repleto de surrealismo, que em todas as suas páginas descreve como a arte está relacionada com a extorsão de dinheiro, ao vender algo que não existe com promessas de originalidades inventadas, leva-me a concluir que há muitos ignorantes dispostos a aplicar o seu dinheiro em algo que esperam que lhes traga estatuto. Uma sucessão de futilidades que, com o tempo, se concretizaram em ameaças e mesmo na prisão de Stan.

Assim como Walter Benjamin menciona em A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnicatambém eu acredito que a presença da obra original é insubstituível, a replica é apenas um pedaço de trabalho copiado sem qualquer tipo de originalidade, história ou cultura associada.