Terry já fotografou artistas como Obama, Lady Gaga,
Amber Heard, Miranda Kerr, Lindsay Lohan, Gisele Bundchen, Katy Perry, James
Franco e inúmeros outros. A lente subversiva de Terry encantou todas as
celebridades que fotografou e fez com que ele se tornasse um dos mais estimados
fotógrafos do mundo do cinema e da moda. Causando polémica ou não, Terry
consegue estar sempre no foco dos holofotes. Será que é a sua visão do mundo o que o torna tão
especial ou é o simbolismo daquilo que é dado a ver? Flusser defende que a aparente
objetividade das imagens técnicas é ilusória, pois na realidade são tão
simbólicas quanto o são todas as imagens.Então, Terry não exalta o que é perverso e grotesto, tendo
como linha de frente o corpo? Nem o corpo é exposto de modo
provocativo e vulgar? Quando exacerba
desvios, quer transmitir “crítica” ao mundo artificial que retrata, das
celebridades sem cérebro, dos homens imbecis, das modelos burras, dos
escândalos fabricados? Não há dúvida de que é um fotógrafo
radical, mas é radical por ser vulgar ou por criticar a vulgaridade? Decerto que as críticas ao seu
trabalho não serão muito importantes para Terry, a não ser que sejam negativas
e vindas das marcas multinacionais que lhe “encomendam” trabalhos. O fotógrafo serve propósitos e precisa
de investir para os conseguir e investir requer recursos e os recursos tanto
maiores e melhores serão quanto mais e melhor pago for o trabalho. Ora, um fotógrafo sem trabalho, não
fotografa, porque fica sem recursos para investir no que usa para fotografar –
o aparelho fotográfico- que tem de ser cada vez melhor para dar resposta a um
cliente cada vez mais exigente. Flusser afirma que “o universo
fotográfico é produto do aparelho fotográfico, que por sua vez, é produto de
outros aparelhos. Tais aparelhos são multiformes: industriais, publicitários,
económicos, políticos, administrativos.
Trata-se, nesse complexo de aparelhos,
de uma caixa preta composta de caixas pretas. Um supercomplexo de produção
humana.” Então, tudo está programado e nada é espontâneo,
a criação é limitada, manipulada pelos interesses. E a liberdade tem lugar nesta
sociedade programada? Liberdade artística, liberdade de expressão, de pensamento? Vilém Flusser considera que toda a
filosofia trata, em última análise, do problema da liberdade e assim, a filosofia
da fotografia é necessária porque é a reflexão sobre as possibilidades de se
viver livremente num mundo programado. Segundo Flusser, os fotógrafos alimentam
aparelhos e são por eles alimentados, mas afirmam serem livres. A tarefa da
filosofia da fotografia é ajudar o fotógrafo a gerir a sua liberdade. A força da produção fotográfica de Terry Richardson está na
exacerbação do excesso e a banalização de valores decadentes ou altamente
questionáveis, por isso ele está, na fotografia, a traduzir o contemporâneo,
mas mostra, muitas vezes, o mais primitivo que o ser humano encerra. Terry tem
predileção por abordar temas inusitados como a sexualidade e o bizarro,
propondo uma nova forma de ver a beleza. Ou não? Ou o “ aparelho” manda no
seu trabalho e assim o dita? Richardson carrega nas cores, intensas e agressivas, explora poses que
evidenciem órgãos sexuais, usa de todo um referencial, recorre a ícones das
histórias de banda desenhada ou de filmes, ou do universo das topmodels. Como qualquer bom fotógrafo, procura estabelecer situações jamais
existentes antes dele.
Esta é uma luta constante entre homem-
máquina -sociedade…e não é esta a luta de todos?


