quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

The Square (2017) de Ruben Ostlund




          ‘’The Square’’ é um filme que aborda a arte, o comércio da mesma, a politica e a identidade nacional sueca. Foi o vencedor de vários prémios, destacando-se o Palma de Ouro 2017.
            Os imigrantes nas últimas duas décadas instalaram-se na Suécia, dando origem a desigualdades e preconceitos. Ruben Ostlund explora este assunto através da perspectiva de Christian, um curador de um museu de arte, muito interessado em permanecer na vanguarda dos movimentos artísticos. Está encarregue de um projeto – O quadrado: um santuário em que qualquer pessoa que entra tem de respeitar valores humanitários enraizados na Regra de Ouro e igual dignidade para todos.
           Uma situação confusa na qual Christian protege uma mulher de um homem agressivo conclui com um assalto que levou o seu telemóvel e carteira. Descobriu a morada do assaltante através da localização do aparelho tecnológico em causa, e deixou cartas em todas as caixas de correio desse prédio, desejando o retorno dos seus pertences roubados. Rapidamente os objetos lhe são entregues e a primeira coisa que Christian faz é dar dinheiro a um mendigo.

           As partes mais cómicas do filme são sem dúvida no museu, pois o filme acaba por ser uma sátira à vulgaridade da arte contemporânea. Como por exemplo na ocasião em que existe uma obra de arte que consiste em diversos montes de terra iguais, posicionados no chão. Uma trabalhadora do museu fica em pânico devido a um dos montes de terra estar diferente de todos os outros, o que resulta numa situação anedótica e irónica em relação à importância da integridade da obra de arte. Ao mesmo tempo acaba por não ser uma desvalorização da arte, mas sim só de algumas obras.
        Uma cena a salientar consiste no jantar de gala relacionado ao museu, no qual é apresentado uma performance por um homem selvagem e de tronco nu ("ator animal" Terry Notary) rompendo ameaçadoramente através da sala de jantar. Com uma visão anedótica sobre o ato,  em breve a cena se torna realmente intensa, pois a performance acaba por ir para além dos seus limites, assustando toda a gente presente. Isto acontece não só com os personagens no filme mas também no público. No principio da performance existe uma tendência para o riso, mas conforme se vai desenvolvendo acaba por criar um certo desconforto e receio no espetador.  
        A vida privada de Christian permanece pouco explorada por um longo tempo, até que ele finalmente se envolve com uma jornalista americana, que por alguma razão inexplicável tem um macaco como animal de estimação. Também há uma revelação da existência das duas filhas de Christian.
       O filme levanta muitas questões sem resposta, há muitas situações que parecem fora de contexto e não têm explicação, que aparecem uma única vez no filme inteiro e nunca mais voltam a surgir.
‘’The Square’’ foi o último filme que fui ver ao cinema. Durante todo o filme tive a mesma dúvida: Gosto ou não deste filme?
        Também me ocorreu dois pensamentos completamente opostos: ou considerava este filme genial; ou odiava-o. E é realmente esta relação que mantenho ainda hoje com este filme. Cheguei à minha própria conclusão, ‘’The square’’ não é para ser adorado.

         Na minha opinião, Ostlund tem como objetivo desassossegar o público, recorrendo a situações improváveis e a planos gravados de maneira que o público não consegue sentir-se confortável ao assistir.