Fenómeno Exótico
A análise à visão ocidental do mundo "oriental", da autoria de Edward Said, Orientalismo, tem como precedente o exotismo. Afirmo isto com segurança pois, a meu ver, o exotismo é também o romantizar do estrangeiro e do desconhecido, algo que não é frequente, pois o ser humano resguarda-se naquilo que lhe é conhecido e familiar, descartando até o diferente. Este romantizar torna-se perigoso, podendo destruir ecossistemas, vidas, habitats, e até mesmo populações.
O tráfico de animais exóticos como animais de estimação, assim como a sua posse (até legal) e procriação, além de levar a acidentes quando os mesmos fogem ou atacam os seus donos, leva também ao abandono. Isto porque algumas destas espécies exóticas em questão são protegidas e não existem propriamente canis, ou abrigos e associações onde estes possam ser deixados.
Recordo-me, no entanto, da minha última visita ao Jardim Zoológico, na qual assisti ao espectáculo de répteis. Nesta exibição, foi-nos dado a conhecer uma espécie de iguana, da qual não me recordo o nome específico, que teria sido a princípio um animal de estimação de alguém com falta de noção do tamanho adulto que este réptil iria atingir. Este é um exemplo contrário ao de abandono, que acho que se deve ter em conta. Mas onde se abandonará, por exemplo, uma pitão birmanesa, uma iguana verde, ou até um primata? Estes são libertados em "zonas verdes", longe dos seus habitats naturais. Esta ação faz com que se tornem em espécies evasivas em competição com espécies nativas, desequilibrando assim o ecossistema. Não esquecendo ainda de mencionar as necessidades de animais selvagens mantidos em cativeiro, sem espaço, e quase nunca nas melhores condições. E para quê?
Zoólogos defendem que ter animais exóticos em casa se deve a fenómenos psicológicos, como o estatuto de possuir algo raro e único, ou mesmo o pensamento de mandar em algo raro e perigoso.
Ao longo dos séculos a paixão pelo exótico levou a inúmeros crimes, tanto ambientais, como sociais, desde a destruição de habitats para dar lugar a plantações de cacau, tabaco, açúcar de cana, especiarias, etc. e a sua exportação para o mundo, até ao tráfico humano.