De acordo com Theodor Adorno, e Max Horkheimer (ambos membros da Escola de Frankfurt), o conceito de Indústria Cultural "localiza" a situação da arte inserida na sociedade capitalista industrial. O indivíduo transforma-se num peão facilmente controlado pela comunicação das massas e todos os indivíduos deixam de o ser pela uniformização do sujeito resultante da massificação da arte (culminando na manipulação da sua autonomia, na sua alienação da realidade e na sua despolitização). Fruto da sociedade de consumo, alimentada pelo capitalismo, o consumidor deixa de ter uma relação com a essência dos objectos que lhe são apresentados e passa apenas a servir de moeda de troca para quem embala o produto. O que importa já não é o conteúdo do produto mas como ele é vendido ao consumidor, com que imagem sedutora é bombardeado o público. A Indústria Cultural é então um grande esquema que prescinde o espectador da reflexão ("A reflexão é nociva, consumidores que pensam, não compram."). O perigo nesta sociedade em volta da grande fogueira é que sempre que alguém se tenta destacar desse círculo ofuscado pela chama do espétaculo, vem a grande máquina capitalista resolver, com a sua capacidade de digerir as coisas: o que não pertence tem que ser ou erradicado ou digerido.
No episódio Fifteen Million Merits da série Black Mirror, os indivíduos vivem isolados uns dos outros, com interacção mínima entre si e máxima com "coisas". Nesse episódio o nome da série faz realmente sentido: sempre rodeados de ecrãs e controlados por eles. Os indivíduos vivem em função única e exclusiva das imagens que lhes são impingidas (também faz imenso sentido na leitura deste episódio, referir a frase célebre de Guy Debord, um outro Marxista: "O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas mediada por imagens.") sendo marginalizada qualquer interacção puramente social sem essa mediação. No final do episódio, onde se atinge o clímax, a questão abordada acima ("o que não pertence tem que ser ou erradicado ou digerido") toma uma dimensão palpável, sendo um exemplo bem claro da apropriação da arte e da sua redefinição para algo que seja lucrável e de importância na sociedade capitalista, algo que é digerido e defecado em embalagens apelativas.