O conceito de alienação, de acordo com Karl Marx, é a condição em que o indivíduo tem um sentimento de estranheza em relação à sociedade, ao trabalho e a si mesmo. A alienação em relação ao produto final do trabalho, que deveria ser parte também do processo criativo e do envolvimento do indivíduo no trabalho, acaba por se perder pelo facto do indivíduo estar responsável apenas por uma pequena fracção, por vezes uma actividade repetitiva em que a interação e o compreensão do produto final lhe são distantes, o produto final é independente do(s) seu(s) criador(es), ou seja, de quem o produz. Deste modo o trabalho fixa-se no objeto, sendo este último de maior importância que o primeiro, havendo uma objetificação do trabalho e consequentemente de quem o executa, diminuindo o seu valor pessoal, e o valor do processo perante os demais e perante o próprio produtor. Como afirma Karl Marx: "Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção directa a desvalorização do mundo dos homens".
Em 2016 foi apresentado, no Websumit em Portugal, um robô humanoide produzido pela Hanson Robotics, Sophia e este ano voltou com mais um robô humanoide com o nome de Einstein (link: https://www.youtube.com/watch?v=yLzbsIS2Xto ). Este (Sophia) já foi reconhecido como cidadão na Arábia Saudita e neste momento retém mais direitos que estrangeiros e mulheres nesse mesmo país. O robô alega poder trabalhar depois de desenvolver capacidades para executar tarefas e estamos, agora, no ponto de viragem entre os postos de trabalho que requerem capacidade de raciocínio e aqueles que já podem ser executados por robôs.
As questões que se levantam em relação a esta possível "solução" são de extrema importância porque, para a humanidade, pode simbolizar um passo para o abismo da total alienação, do total desprendimento do nosso propósito, da nossa arte, do nosso ofício e não só. Também em relação aos outros ficamos alienados. As pessoas ficam ludibriadas com os avanços tecnológicos deixando para segundo plano, a que deveria constituir a principal preocupação, o contributo para a sociedade e para o próprio.
O que nos motiva e o que nos leva a viver, para além do sentido de propósito real e de busca pelas verdades universais,etc., pode cair por terra ao haver inteligência artificial capaz de nos superar e de ser incompreensível para nós (um dia mais tarde, como se pode verificar nesta experiência conduzida pelo facebook e dois chatbots: http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-4620654/Facebook-accidentally-invents-new-machine-language.html ). Ficaremos perdidos e seremos só mais uma espécie de "animais domesticados" à beira de uma superior ou serão os robôs a nossa salvação do trabalho sem sentido e das tarefas mundanas que nos separam do nosso sentido, das nossas capacidades e do nosso potencial?