Televisão versus Cinema
Prometem ser programas de entretenimento
para toda a família. Os animadores de televisão treinados e pagos
principescamente para agarrar ao pequeno ecrã durante várias horas os
espectadores incautos, vão conduzindo estes programas desprovidos de qualquer
conteúdo cultural, qual maestro de uma grande orquestra, sendo que neste espaço
a única coisa que pode soar a música é o apelo desmesurado ao consumismo.
Em curtos intervalos vão
apresentando alguns “artistas” que já pertencem ao sistema, o esquema é sempre
o mesmo, tocar duas ou três músicas a troco da divulgação de um futuro
espetáculo numa data próxima, e ou se tiverem um disco lançado há pouco tempo
também dá para promover e impingir mais isto ao espectador. Se ainda não
tiverem um disco gravado, após duas ou três aparições nestes programas não há
editora que os recuse. De tempo em tempo estes canais de televisão vão
promovendo mais um desses concursos de caçar talentos musicais e em meia dúzia
de sessões está encontrada mais uma estrela. Agora à que fazer o público
acreditar que está ali o novo Sinatra, para isso toda uma indústria por detrás
vai fazer com que o novo “talento” apareça em tudo o que é evento – contando
para isso com revistas da especialidade que também são propriedade do mesmo
grupo – e em programas de televisão.
No mundo do cinema temos vindo a
observar uma tendência para a falta de público nas salas, mesmo quando um filme
há muito é esperado, ao fim de três dias numa sala com lotação de cem lugares
estão dez ou menos espectadores. Atualmente a ida ao cinema por parte de uma
família fica condicionada à exploração de toda uma indústria que está por detrás
da simples exibição de um filme, ou seja, o aproveitamento comercial com a
venda de doces e bebidas refrigerantes à
entrada para as salas, atingindo por vezes um custo superior ao dos próprios
bilhetes. As grandes superfícies comerciais ao disporem já da maioria das salas
de cinema em parceria com as principais distribuidoras de filmes, passam a
gerir esse monopólio de objetivo meramente comercial. Com as salas tradicionais
já há muito desaparecidas resta agora aos fãs da sétima arte converterem-se e
aceitar mais esta mistificação.