domingo, 31 de dezembro de 2017

Televisão versus Cinema


Televisão versus Cinema

Prometem ser programas de entretenimento para toda a família. Os animadores de televisão treinados e pagos principescamente para agarrar ao pequeno ecrã durante várias horas os espectadores incautos, vão conduzindo estes programas desprovidos de qualquer conteúdo cultural, qual maestro de uma grande orquestra, sendo que neste espaço a única coisa que pode soar a música é o apelo desmesurado ao consumismo.
Em curtos intervalos vão apresentando alguns “artistas” que já pertencem ao sistema, o esquema é sempre o mesmo, tocar duas ou três músicas a troco da divulgação de um futuro espetáculo numa data próxima, e ou se tiverem um disco lançado há pouco tempo também dá para promover e impingir mais isto ao espectador. Se ainda não tiverem um disco gravado, após duas ou três aparições nestes programas não há editora que os recuse. De tempo em tempo estes canais de televisão vão promovendo mais um desses concursos de caçar talentos musicais e em meia dúzia de sessões está encontrada mais uma estrela. Agora à que fazer o público acreditar que está ali o novo Sinatra, para isso toda uma indústria por detrás vai fazer com que o novo “talento” apareça em tudo o que é evento – contando para isso com revistas da especialidade que também são propriedade do mesmo grupo – e em programas de televisão.

No mundo do cinema temos vindo a observar uma tendência para a falta de público nas salas, mesmo quando um filme há muito é esperado, ao fim de três dias numa sala com lotação de cem lugares estão dez ou menos espectadores. Atualmente a ida ao cinema por parte de uma família fica condicionada à exploração de toda uma indústria que está por detrás da simples exibição de um filme, ou seja, o aproveitamento comercial com a venda de doces e bebidas refrigerantes  à entrada para as salas, atingindo por vezes um custo superior ao dos próprios bilhetes. As grandes superfícies comerciais ao disporem já da maioria das salas de cinema em parceria com as principais distribuidoras de filmes, passam a gerir esse monopólio de objetivo meramente comercial. Com as salas tradicionais já há muito desaparecidas resta agora aos fãs da sétima arte converterem-se e aceitar mais esta mistificação.