quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Memento, lembranças esquecidas



Memento (2000), de Christopher Nolan, é um thriller complexo, intenso, confuso e até viciante. É uma história de um homem que se lembra quem é, mas que não se lembra do que fez. Leonard Shelby (Guy Pierce) quer vingar a morte da sua mulher. Narra a história na primeira pessoa, cuja qual não consegue criar novas memórias a partir do momento em que a sua mulher foi violada e assassinada.
Cristopher conseguiu deixar-me quase tão confusa quanto o personagem principal colocando as cenas do filme pela ordem contrária, do fim para o início, intercalando com uma cena a preto e branco em que o personagem vai contando a sua história a alguém ao telefone. 
Apesar do fim ter sido incrível, pois as peças do puzzle encaixaram-se, deixou-me, ainda assim, com uma sensação de inacabado. Sinto que precisava de mais cenas para entender melhor o enredo.
 Ao longo do filme vamos conhecendo várias facetas de amigos e conhecidos dele que se vão aproveitando da sua doença e que lhe querem fazer mal e, por isso, nunca poderemos saber qual a verdade destas personagens, nem das suas histórias, ou memórias. Conhecidos estes, Carrie-Anne Moss e Joe Pantoliano, que fizeram um papel incrível enquanto atores, uma vez que souberam demonstrar a indiferença e a revolta que sentiam por Leonard.
Mesmo sabendo que ele não se iria lembrar de ter vingado a sua mulher, parece que Leonard quer continuar a matar todos os John G. que lhe pareçam suspeitos, fossem os verdadeiros assassinos ou não e a sua única ajuda são as fotografias e notas, que ele próprio manipula para sua satisfação.
           A verdade é que ele só acredita que mataram a sua esposa porque tem isso tatuado no peito, juntamente com mais uns factos acerca do suposto culpado; e com o que as pessoas lhe vão contando, e com essas informações, ele cria na sua mente memórias verdadeiras ou não.
        Ele está enganado quanto à sua própria identidade, informação que ele achava ter bem presente na sua memória, pois ele próprio afirma que as memórias são interpretações de cada um.
"Memories can change the shape of a room; it can change the color of a car. And memories can be distorted. They're just an interpretation, they're not a record, and they're irrelevant if you have the facts." (Leonard Shelby, Memento) Christoper Nolan
                                                                              
Posso garantir que é um dos melhores filmes que já vi pela sua originalidade, genialidade e pelo facto de ter ficado intrigada a refletir sobre ele dias depois de o ter visto, acontecimento que hoje em dia é mais difícil, porque há muitos filmes banais.
É complicado entender o verdadeiro sentido desta narrativa, mas vale a pena tentar. Aconselho a verem o filme, para acordar o vosso subconsciente e a tirarem as vossas conclusões.