sábado, 30 de dezembro de 2017

Tenho a Escrita Alienada

   Hoje, estava a tentar escrever este texto. Dei por mim, perdida, a olhar para a página em branco do Word como se fosse um labirinto. Porque é que me é tão difícil começar a escrever? Faltam palavras e parece que nada sai bem. 
   Segundo Karl Marx, em “O Trabalho Alienado”, nós somos seres alienados, consequente de um trabalho alienado. Ou seja, tudo em nós e tudo o que nos é externo, encontra-se alienado.
   Analisando o primeiro paragrafo e tendo em conta o segundo, terei eu a escrita alienada? E se o problema não é o trabalho, então qual é?
   Pensei em tudo o que faço no dia-a-dia, para tentar descodificar tais questões, e, lembrei-me. Será a internet o problema? Ou melhor, as ditas redes sociais?
   A verdade é que ontem, por volta desta hora, postei uma foto no Instagram ao mesmo tempo que falava com os meus amigos pelo Messeger. Pensando bem, eu assumo estar perante um vício. As redes sociais encontram-se alienadas, e eu também!
   Agregado a isto está tudo o resto, acabo de perceber que tudo em mim se encontra alienado. Quanto mais fotos coloco no Instagram, mais a plataforma ganha poder, menos vivo. Quanto mais falo pelo Messeger, mais alienada se torna a minha escrita, menos vivo. Quanto mais vou à internet, menos livros leio, mais a minha mentalidade se torna alienada, menos vivo.
   É claro que, todo este mundo virtual deveria ser uma coisa positiva, e que a internet talvez seja a coisa mais brilhante inventada pelo homem. O que realmente acontece é que estamos a fazer uma má utilização, em excesso, de tudo isto.
   A natureza torna-se uma coisa estranha, pois, torna-se rara a vez em que estamos sozinhos a passear pelas ruas, sem estar sempre a olhar para o telemóvel. Já para não falar que nos tornámos menos sociais e mais reprimidos. Escondemos todas as nossas emoções no ecrã do telemóvel. Somos muito menos nós e muito mais tudo isto.
   Faltando-me as palavras para dar finalidade a esta breve discussão mental, e como ser alienado que sou, dependente de tudo o que nasci a pensar ser correcto. É com pena que sinto que toda esta alienação nunca vai ter fim, pois vivemos estranhos a ela, presos por ela.