sábado, 23 de dezembro de 2017

desHUMANO

    Desde o início dos tempos, todo o ser vivo tem como objectivo obter alimento e sobreviver tempo suficiente a fim de procriar. O Homem não era excepção.
    Porem é impossível deixar de constatar que houve uma alteração destas leis básicas que parecem tão óbvias.
    Para o Homem moderno é natural que nas suas resoluções estas necessidades sejam muitas vezes secundárias, interessa muito mais a aparência e estatuto social, isto ao ponto de as pessoas adoptarem comportamentos que colocam em risco a sua saúde indo assim contra esta lógica evolucionaria.
    Em contraste com os animais, que após encontrarem um parceiro para se reproduzirem só se têm que preocupar com a obtenção de alimento, o homo sapiens sapiens procura a aprovação dos seus pares e especialmente dos seus superiores mesmo que isso lhe custe alimento, mesmo que isso lhe cause danos mentais e físicos e mesmo que isso o impeça de se reproduzir.
Fenomenos destes estão visíveis na sociedade em todo o lado desde a rapariga que se recusa a comer para emagrecer até ao trabalhador que põe horas extra todos os dias na esperança de ser promovido.
Ser melhor que os outros, ser o numero 1 é o novo objectivo, a partir do momento em que o mundo é visto desta maneira tudo em redor se torna números, a melhor televisão do mercado, o melhor jogador de futebol do mundo, as 50 melhores escolas do distrito, os 10 melhores destinos turísticos em Portugal.
    Se há topo da tabela também haverá toda uma infinidade de números que são atribuídos mais ou menos automaticamente a todo o produto do Homem a partir do momento da sua conceptualização como tal.
    Nós redesenhamos as regras deste jogo criando níveis e dando poder uns aos outros, num jogo em que outrora éramos todos apenas mais uma peça de valor igual à próxima.
    Na procura e por consequência desta vida social houve uma alienação inegável do nosso ser animal para algo tão desumano como um número que no entanto é aquilo que nos melhor caracteriza.