Camões escreveu toda uma epopeia vangloriando Vasco da Gama e os Descobrimentos portugueses que "trouxeram novos mundos ao mundo", sendo que a colonização levada a cabo pelas potências europeias foi precisamente um ato de terror e ostracização perante os povos colonizados, que moldaram completamente esses países económica, social e politicamente até aos dias de hoje, sendo que grande parte deles fazem agora parte dos "Países Em Desenvolvimento" -, isto é, países tão explorados e esmagados pela máquina capitalista e colonialista ocidental que, ao perderem o "estatuto" de colónias foram abandonados ao caos; países que foram traçados pelos colonizadores cujo único foco era a riqueza do território pretendido e não as diferenças culturais e ideológicas dos povos que habitavam esses territórios, resultando em constantes conflitos armados entre facções de grupos culturais diferentes dentro dos mesmos países e crises de refugiados (o caso do Ruanda, por exemplo).
Assim, conclui-se que o mesmo acontecimento histórico (a expansão marítima) é visto maioritariamente a partir do ponto de vista ocidental - caracterizado pela procura de mercado, pela evolução cientifica, tecnológica e civilizacional, pela mestria e "engenho" dos povos que descobriram o mundo e o melhoraram à sua imagem. Aqui está presente o fenómeno do Orientalismo até hoje. Basta ver-se os monumentos erguidos em prol dos grandes descobridores ou ler-se "Os Lusíadas". Atos inumanos de genocídio são aplaudidos e glorificados e o Oriente é visto como algo retrógrado e selvagem, que precisava de ser descoberto pela Europa para "evoluir" e se tornar civilizado, sendo que antes da chegada das caravelas embandeiradas e da colocação dos padrões já lá existiam povos e até mesmo civilizações com milhares de anos.