sábado, 23 de dezembro de 2017

Fotografia como significante


A meu ver encontramo-nos num tempo na qual a partilha de experiências é recompensada por “followers” e “likes” em todas as nossas publicações. De manhã ate ao anoitecer, de uma forma instintiva ou não, facilmente tiramos uma fotografia e colocamos na nossa rede social preferencial.
Logo de uma forma absurda (ou aditiva) estamos constantemente a sobrecarregar os nossos equipamentos e redes sociais de vários momentos: desde um pequeno passeio pela cidade em que encontramos uma joaninha na rua como uma viagem de sonho em que a (profundidade) de um horizonte só pode ser guardada por uma objetiva.
As plataformas sociais tornaram-se superfícies de conexão tão poderosas com as pessoas do nosso quotidiano que facilmente entramos num ciclo vicioso de partilhar momentos do nosso dia a dia.
          Do ponto de vista de quem visualiza estas eventualidades,  estas fotografias serão uma imagem sem significado, pois toda a sua interpretação será meramente visual resultando na desassociação de todo o lado simbólico de quem a criou.

            Então porque continuamos a captar os nossos momentos? O seu significado não acabará perdido?

A fotografia é uma forma de expressar-nos, se captamos um momento é porque o achamos visualmente interessante. Por breves momentos houve uma ligação entre os fatores que nos rodeiam com o momento e o nós, que achamos merecedor de se tornar uma futura recordação através de uma imagem.
A imagem passa a simbolizar um signo, este pequeno momento no espaço-tempo passa a ter um significado: uma tradução daquele momento.
            E a fotografia, a parte visual e superficial desta anologia é o conetor entre este signo e significado.
Infelizmente, tal como acontece a nível linguístico, é necessário reconhecer o significante para o conhecer e podermos conetarmo-nos com o mesmo. Por isso é que existe um elevado número de fotografias com um significante semelhante (exemplo: o pôr do sol).
No entanto tentamos sempre transmitir este significado a quem nos rodeia e esperar que o seu signo seja compreendido.
E mesmo que nunca seja “traduzido” completamente, para quem a criou aquela fotografia estará sempre embutida de símbolos por vezes irrepresentáveis.