A meu ver encontramo-nos
num tempo na qual a partilha de experiências é recompensada por “followers” e “likes”
em todas as nossas publicações. De manhã ate ao anoitecer, de uma forma instintiva ou não, facilmente tiramos
uma fotografia e colocamos na nossa rede social preferencial.
Logo de uma forma absurda (ou aditiva) estamos
constantemente a sobrecarregar os nossos equipamentos e redes sociais de vários
momentos: desde um pequeno passeio pela cidade em que encontramos uma joaninha
na rua como uma viagem de sonho em que a (profundidade) de um horizonte só pode
ser guardada por uma objetiva.
As plataformas sociais tornaram-se superfícies de conexão
tão poderosas com as pessoas do nosso quotidiano que facilmente entramos num
ciclo vicioso de partilhar momentos do nosso dia a dia.
Do ponto de vista de quem visualiza estas eventualidades, estas fotografias
serão uma imagem sem significado, pois toda a sua interpretação será meramente
visual resultando na desassociação de todo o lado simbólico de quem a criou.
Então porque
continuamos a captar os nossos momentos? O seu significado não acabará perdido?
A fotografia é uma forma de expressar-nos, se captamos um
momento é porque o achamos visualmente interessante. Por breves momentos houve uma
ligação entre os fatores que nos rodeiam com o momento e o nós, que achamos
merecedor de se tornar uma futura recordação através de uma imagem.
A imagem passa a simbolizar um signo, este pequeno momento
no espaço-tempo passa a ter um significado: uma tradução daquele momento.
E a fotografia, a parte visual e superficial desta anologia
é o conetor entre este signo e significado.
Infelizmente, tal como acontece a nível linguístico, é
necessário reconhecer o significante para o conhecer e podermos conetarmo-nos
com o mesmo. Por isso é que existe um elevado número de fotografias com um
significante semelhante (exemplo: o pôr do sol).
No entanto tentamos sempre transmitir este significado a quem
nos rodeia e esperar que o seu signo seja compreendido.
E mesmo que nunca seja “traduzido” completamente, para quem
a criou aquela fotografia estará sempre embutida de símbolos por vezes irrepresentáveis.