domingo, 31 de dezembro de 2017

Deixamo-nos manipular ou descodificamos e manipulamos?

  Os meios de comunicação tornaram-se veículos poderosos para manipular as mentes das pessoas. Dessa forma, é possível afirmar que os mesmos  têm o poder de modelar opiniões e comportamentos, fornecendo o material com que muitas pessoas constroem as suas convicções.
  Essas convicções, por sua vez, formam uma ideologia, aquilo em que cada um acredita e tenta seguir na sua vida.
  Para  Jonh Fiske, ideologia é um  processo de produção de significados e de ideias.
Fiske estava interessado em esclarecer de que forma a ideologia se insinuava através das imagens, dos signos e
acabaria por afirmar que em todos os atos de comunicação se manifesta um processo ideológico de significação.
  Mas criamos símbolos e, consequentemente, ideologias, ou somos influenciados por símbolos que nos levam a uma determinada ideologia?
  Vejamos o exemplo da publicidade: o que a publicidade vende é muito mais que o produto, é a promessa de satisfação de uma necessidade ou aspiração.
  As mensagens apresentam uma versão da realidade a partir de um ponto de vista que serve a determinados interesses.
  A propaganda torna-se ideológica quando elabora as ideias de acordo com o nível de entendimento de seus recetores, criando a impressão de que atendem aos seus interesses.
  Segundo Fiske, cada um de nós tem capacidade para modificar a mensagem do anúncio publicitário, podendo a mesma adquirir um sentido conotativo, segundo as necessidades individuais. Fiske sugere que investiguemos três níveis que se cruzam, onde os códigos televisivos entram em cena: realidade, por exemplo, aparência ou vestuário; representação, como o uso da luz ou da música e ideologia; as relações  já incutidas ou não, como diferenças de raça, classe ou género.
  Lembra Fiske que a aparência na vida real já é codificada; quando nós fazemos um juízo das pessoas pela sua aparência, nós fazemos isso de acordo com os códigos convencionais de nossa cultura. Segundo o autor, o único modo através do qual nós podemos perceber e dar sentido à realidade é através dos nossos códigos culturais. O que passa por realidade em qualquer cultura é o produto desses códigos culturais. Desse modo, “a realidade está sempre codificada, ela nunca é matéria bruta”.
  Assim, se quero as jeans publicitadas, poderei só estar a desejar ser loura de olhos azuis, obedecendo à minha ideia de mulher perfeita ou posso querer ser a artista que as publicita, porque é bem vista nas revistas e na TV, uma vez que defende os valores que regem a cultura da sociedade em que me insiro.
E a questão permanece…
Deixamo-nos manipular ou descodificamos e manipulamos?