domingo, 31 de dezembro de 2017

OS DOZE DESEJOS


 Antes de começar um novo ano, há uma série de rituais que a maioria das pessoas faz questão de cumprir religiosamente.
            Dentro das tradições a que nos habituámos todos os anos, como os convívios com a família e amigos, as festas dançantes, os brindes, os jantares requintados, a vontade de mudar, destaca-se, na minha opinião, uma que me leva a refletir sobre a essência do ser humano: os dozes desejos representados pelas doze passas.
            São vários os desejos em comum que se repetem anualmente em pensamento e que raramente se exteriorizam e se concretizam. “Desejo ter saúde; Desejo encontrar o amor; Desejo ser feliz; Desejo ganhar o euromilhões; Desejo emagrecer; Desejo fazer mais exercício físico; Desejo engravidar; Desejo arranjar trabalho; Desejo viajar mais; Desejo passar mais tempo com a família; Desejo manter o meu emprego; Desejo ser célebre...“.
            365 dias depois, ou 366 se o ano for bissexto, chegamos à conclusão de que, afinal o que desejámos não se realizou. Porquê? Porque um desejo não é um objetivo para o qual, através de uma estratégia ou de um plano de ação, se delimitam metas. Assim, desejar algo não é suficiente para conquistar algo. Sem vontade própria, sem uma intenção, torna-se difícil acreditar que o que sonhámos se torne realidade. Na contagem decrescente para o novo ano que se avizinha, as emoções encontram-se à flor da pele e acreditamos que, por cada passa que comemos, temos direito a um novo desejo. Sentimos que é desta que vamos finalmente alcançar o que queremos e que o universo se encontra alinhado a nosso favor. Todavia, o ser humano esquece-se ou acomoda-se à ideia que construiu mentalmente, ignorando que nada se consegue sem esforço.
            Este ritual, que partilhamos com os nossos familiares e amigos, ou não, em todas as passagens de ano quando se aproxima a meia noite e nos apercebemos de que ainda temos alguns segundos para elaborar a nossa pequena, mas tão esperada, lista, marca a distância entre a utopia e a realidade. Esta só será possível materializar-se se o indivíduo fizer, arriscar, errar, corrigir, cair, levantar-se e seguir em frente. Se não agir não conquista e é esta a lacuna que persiste na essência do ser humano.
            Por um lado, o homem quer mudar, quer celebrar a vida, quer ser feliz; por outro lado, o homem mantém a mesma atitude pessimista e inconformada com a vida e, por isso, não pode ambicionar que o ano seguinte seja diferente.
            Portanto, vamos iniciar o novo ano com uma atitude (mais) positiva, corrigindo os nossos erros, esquecendo os nossos fracassos e as nossas memórias mais tristes, seguindo em frente e valorizando tudo o que já conquistámos.  



Alienação no trabalho

O termo alienação, segundo a perspetiva de Marx, define a separação das pessoas dos bens que estas produzem, algo que acontece regularmente no capitalismo.

Podemos observar este fenómeno de alienação no trabalho na sociedade devido à procura de lucro, que muitas vezes prossupõe a usurpação dos trabalhadores, para que seja produzida uma maior quantidade de mercadorias, muitas vezes vendidas a um preço maior do que é investido nos trabalhadores, o que leva a um mau trato dos trabalhadores, através de cargas horárias excessivas e poucos direitos no local de trabalho, por exemplo. Todos os dias ouvimos falar de situações onde os trabalhadores são vítimas de exploração.

A produção e o consumo dependem um do outro, pois sem produção não há consumo, e sem esse consumo os trabalhadores não conseguem produzir. A produção exige força de trabalho de operários, o que impulsiona também o consumo, pois quando a mercadoria é consumida, será necessário que seja reposta para um eventual consumo, sendo este um círculo sem fim.

Então dá-se uma desumanização dos trabalhadores, que não são vistos como seres humanos, mas como “peças” pertencente a uma máquina de produção em massa. No local de trabalho, o operário passa de um membro da sociedade a um ser individualizado, não pelo facto de o trabalho seja um impulsionador da individualização, mas porque transforma o trabalhador, um ser humano com criatividade e capacidade de raciocínio, para um ser que se limita a fazer uma função que dispensa estes valores humanos, não sendo necessárias ao seu trabalho.

Existe também uma alienação ao produto do trabalho, que não tem a essência de quem o fez. Ou seja, quer seja uma pessoa ou uma equipa a criar um determinado produto, este não se encontra na sua posse, não pertence a quem o fez, é um objeto independente dos seus criadores, estranho de qualquer pessoa encarregue no processo de criação. Por exemplo, numa fábrica de eletrodomésticos, nos vários passos para se chegar ao produto final existem vários trabalhadores, porém, estes não podem reivindicar este tal produto, pois este pertence ao fornecedor ou à marca até que seja vendido.
Outra característica da alienação no trabalho é a impossibilidade de posse daquilo que os trabalhadores produzem, pois o que produzem excede as condições monetárias dos operários, que são pagos, na maioria dos casos, com uma quantia muito inferior ao do produto que criam.

Existe uma grande diferença entre os trabalhadores e os empregadores, que continuam a ver os operários, não como seres humanos, mas como meios de obtenção de capital, algo que não vai desaparecer, visto que se trata de uma mentalidade muito enraizada na economia capitalista.

A magia do marketing

Hoje em dia, é possível observar que a publicidade que chega até nos é muitas vezes cuidadosamente selecionada para garantir o nosso interesse. Isto acontece não só na televisão mas também nas redes sociais. 
Na televisão/rádio a publicidade funciona maioritariamente por épocas. Por exemplo, já no início de novembro se começam a ver anúncios natalícios a circular, com o intuito de suscitar em nós a vontade de comprar presentes ou comidas para preparar na quadra. Em fevereiro, aparecem anúncios para o dia dos namorados. Em abril surgem os comerciais da páscoa e "magicamente" os chocolates ficam todos a preço de saldo. 
Já nas redes sociais funciona de forma diferente. Tenho vindo a reparar ao longo dos tempos que a publicidade nessas plataformas é criada para apelar de forma diferente a cada indivíduo. Por exemplo, no facebook, consoante os "links" que visitar ou as páginas que gostar, começam a aparecer no meu "feed" anúncios relativos aos assuntos que gostei. Desta forma, devido ao facto de tudo o que acontece no nosso perfil ficar registado, é possível selecionar um conjunto de anúncios que irão agradar ao meu gosto pessoal. O mesmo acontece no youtube. Como o histórico dos vídeos a que assisto fica guardado, é possível selecionar a publicidade que mais impacto terá em mim.
Daí muitas vezes acontecer estarem sempre a surgir os mesmos anúncios repetidamente. Isto é outra técnica de marketing. Em primeiro lugar é preciso saber como captar a atenção do público alvo, seguidamente é fundamental suscitar o desejo no mesmo. Com a repetição isso é possível. Muitas vezes quando assistimos a uma publicidade pela primeira vez, não nos interessa ao ponto de querermos sair de casa e comprar o produto apresentado. Mas à medida que esse mesmo anúncio nos é repetido começamos a desenvolver a crença de que o produto ou o serviço que estão a ser publicitados realmente nos fazem falta, mesmo que na realidade não façam. Finalmente é importante assegurar um fácil e cómodo acesso ao produto. A frase "numa loja ao pé de si" é por isso utilizada na maioria das vezes. Uma vez suscitado o desejo no consumidor, é necessário que seja fácil realiza-lo (ou seja, adquirir o dito produto), pois vivemos numa sociedade que cada vez mais promove o comodismo e se fosse preciso conduzir 20 quilómetros para comprar um aspirador, as vendas diminuiriam drasticamente, por muito bom ou inovador que fosse. 

Contracultura

A contracultura é um movimento que floresceu na década de 1940 e teve o seu auge na década de 1960. Este movimento consiste na revolta dos jovens face às suas famílias e à sociedade, questionando os valores culturais e morais da sociedade ocidental.
Para muitos, a origem deste movimento está no existencialismo de Sarte, na década de 1940, que defendia a liberdade e era contra o consumismo e o otimismo pós-guerra. Estas ideias podem ter sido a origem do movimento. Nos anos 50, um dos primeiros movimentos de contracultura (Beat Generation) emergiu no Estados Unidos. Este grupo consistia maioritariamente de jovens artistas, escritores e outros intelectuais, que se opunham ao otimismo pós-guerra do país, o consumismo, a falta de cultura, etc. Finalmente, nos anos 60, apareceu o maior e mais conhecido destes grupos: o movimento hippie. Este grupo contestava os valores culturais e defendia uma forma de lutar pacífica, em que se substitui a violência pela paz e o amor, criando uma forma de pensar diferente, que os excluiu da sociedade da altura. Mas isto, não significa que o movimento tenha ficado por aí. Ele espalhou-se pelo mundo, trazendo consigo os seus novos valores e novas formas de pensar.
Ao contrário do que se possa pensar, a contracultura nasceu de jovens brancos de boas famílias que se revoltaram contra os pais conservadores. Assim, juntando-se aos jovens negros e de outras minorias (que na altura a sua simples existência já era considerada rebeldia) e lutaram pacificamente pela sua liberdade e pela paz. Estes actos de resistência contra os ideais fundamentais da sociedade e contra a hegemonia uniram muitas pessoas e mudaram as suas mentalidades, usando “paz e amor” em tempos de guerra e de discriminação.
Apesar de já não ser tão evidente e influente nos anos 60 e 70, contracultura ainda existe, embora em grupos de dimensões menores, como é o exemplo do punk e da cultura “underground” que ainda hoje protestam contra os padrões da sociedade.


Consumidores que pensam, não compram.

 De acordo com Theodor Adorno, e Max Horkheimer (ambos membros da Escola de Frankfurt), o conceito de Indústria Cultural "localiza" a situação da arte inserida na sociedade capitalista industrial. O indivíduo transforma-se num peão facilmente controlado pela comunicação das massas e todos os indivíduos deixam de o ser pela uniformização do sujeito resultante da massificação da arte (culminando na manipulação da sua autonomia, na sua alienação da realidade e na sua despolitização). Fruto da sociedade de consumo, alimentada pelo capitalismo, o consumidor deixa de ter uma relação com  a essência dos objectos que lhe são apresentados e passa apenas a servir de moeda de troca para quem embala o produto. O que importa já não é o conteúdo do produto mas como ele é vendido ao consumidor, com que imagem sedutora é bombardeado o público. A Indústria Cultural é então um grande esquema que prescinde o espectador da reflexão ("A reflexão é nociva, consumidores que pensam, não compram."). O perigo nesta sociedade em volta da grande fogueira é que sempre que alguém se tenta destacar desse círculo ofuscado pela chama do espétaculo, vem a grande máquina capitalista resolver, com a sua capacidade de digerir as coisas: o que não pertence tem que ser ou erradicado ou digerido.

 No episódio Fifteen Million Merits da série Black Mirror, os indivíduos vivem isolados uns dos outros, com interacção mínima entre si e máxima com "coisas". Nesse episódio o nome da série faz realmente sentido: sempre rodeados de ecrãs e controlados por eles. Os indivíduos vivem em função única e exclusiva das imagens que lhes são impingidas (também faz imenso sentido na leitura deste episódio, referir a frase célebre de Guy Debord, um outro Marxista: "O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas mediada por imagens.") sendo marginalizada qualquer interacção puramente social sem essa mediação. No final do episódio, onde se atinge o clímax, a questão abordada acima ("o que não pertence tem que ser ou erradicado ou digerido") toma uma dimensão palpável, sendo um exemplo bem claro da apropriação da arte e da sua redefinição para algo que seja lucrável e de importância na sociedade capitalista, algo que é digerido e defecado em embalagens apelativas.

O consumismo no Natal

Nesta altura do ano somos constantemente bombardeados com todo o tipo de publicidade relacionada com o Natal. São os perfumes, os chocolates, os brinquedos, as mais recentes tecnologias, etc. e todas tentam levar-nos a adquirir aqueles produtos.

Entramos, assim no conceito de Indústria Cultural na medida em que as mercadorias, produzidas mecanicamente através da indústria, se tornam aliciantes e nos levam a querer adquiri-las para atingirmos um certo estatuto na vida. Perdemos a nossa identidade pois aspiramos ser como as “pessoas de papel” que vemos nas publicidades. Forma-se uma sociedade estereotipada, pois o Homem assemelha-se às coisas, torna-se “mercadoria” surgindo, assim, o conceito de alienação por parte de Marx (abordei no 1º post). E o lado mais negativo desta questão é que nós aderimos a estas ideologias quase de forma inconsciente, pois ouvimos, todos os dias, aqueles anúncios e sem darmos conta colaboramos com aquilo que elas propõem, levando-nos a realizar um consumo distraído.

Voltando à questão partículas das publicidades aliciantes de Natal, surge ainda outro problema. Com os adultos não é tão grave, pois temos mais consciência daquilo que podemos ou não comprar, mas as crianças não têm essa autonomia e ao verem o seu brinquedo preferido na televisão ficam loucas e fazem de tudo para que os pais lhos comprem. Mudam o seu comportamento, fazem coisas boas, tornam-se mais simpáticos para os pais… isto porque em muitos anúncios ouvem que têm de se portar bem para receberem aquilo que querem. Ou seja, elas mudam a sua atitude, ficam “alienadas” perante os objetos e fazem de tudo para adquiri-los. Esta situação até poderia ser benéfica, pois de certa maneira educa as crianças para um comportamento melhor, mas como só acontece para terem algo em troca, estamos simplesmente a alterar a sua mente e a incutir pensamentos de interesse, oportunismo e aproveitamento das outras pessoas.

Assim sendo, as publicidades a que assistimos diariamente têm um grande poder sobre nós, e se não nos soubermos controlar perdemos a nossa essência, tornamo-nos “coisas” iguais a tantas outras. Temos de saber analisar aquilo que precisamos mesmo e o que compramos só para satisfazer o nosso consumismo, temos de selecionar bem as mercadorias e comprar apenas aquelas que nos fazem falta e não porque “toda a gente tem” ou porque “está na moda” ou qualquer dia seremos como robôs, uma série de humanos com as mesmas ideias e o mesmo aspeto físico, sem mentalidade própria, vivendo em conformidade com o resto do mundo.

Movimentos New Age: A resistência face ao Cristianismo

Com cerca de 2,3 biliões de crentes, divida em três ramos principais (católicos, protestantes e ortodoxos), o cristianismo é a maior religião do mundo. A população cristã representa 33% da humanidade nos últimos cem anos, ou seja, uma em cada três pessoas no mundo são cristãs. O cristianismo assume-se assim como religião maioritária.
No entanto, nos últimos anos, têm surgido outros movimentos religiosos minoritários designados por movimentos “New Age”. Apesar destes grupos minoritários tentarem  fugir às ideologias que baseiam a religião cristã, continuam a haver inúmeras semelhanças com a mesma, visto que muitos destes movimentos têm uma divindade, teorizam sobre a criação do mundo e têm as suas próprias datas festivas. Segundo a obra “Introdução ao Estudo da Comunicação”, de John Fiske, a teoria de Althusser de que uma ideologia surge como prática, deriva da teoria de Marx, onde a ideologia surge como falsa consciência. As ideologias presentes nestes novos movimentos mais sociais do que religiosos, são uma falsa consciência para os seus crentes visto que utilizam factos históricos presentes no cristianismo, alterando-os apenas para outros nomes.

Ou seja, o poder da ideologia nos movimentos New Age, deve-se à tentativa de envolver os oprimidos nas suas práticas e, levá-los assim, a construir para eles mesmos identidades sociais que vão ao encontro dos seus interesses sociopolíticos e económicos. Assim, são movimentos sociais e não religiosos visto que agrupam um conjunto de pessoas com os mesmo interesses e não com a mesma fé. 

Resistência e Incorporação

Resistência Quando o individuo/grupo está ciente dos preceitos(político-social, cultural , económico) e dos riscos de uma ideologia no panorama cultural e como a mesma, pode afectar o seu bem estar ou dos outros e opta por não assimilar/adaptar a mesma, criando sub-ideologias ou sub-culturas com intuito de preservar o seu bem-estar (individuo/grupo) e fazer frente a ideologia dominante no panorama cultural. Normalmente são vistos como alienados ou revoltados, porque nesse mesmo panorama cultural são poucas as pessoas que conseguem ver para além da consequência(revolta), ou seja, não vêem a causa, a raiz do problema ou simplesmente não querem ver devido o conforto fornecido pelo manto ideológico ou o esforço e sacrifício que requer encarar a realidade. A resistência torna-se crucial para essas sub-ideologias ou sub-culturas, pois sentem se no dever de reivindicar a sua liberdade e os seus direitos limitados pela ideologia dominante, espalhando as suas convicções a gerações vindouras que por sua vez prolongam o conflito, ou seja, uma ideia pode transcender o tempo e o espaço do surgimento dessa mesma ideia. É comum ouvirmos relatos de conflitos que duram anos sem um fim a vista( Estados Unidos da América ”capitalismo” vs Rússia, Cuba ”socialismo” “desde dos tempos de guerra fria”, Fanatismo de Clubes Desportivos, Partidarismo, A burguesia vs O proletariado, Feminismo vs Machismo , Racismo vs Movimentos Contra ”Black Panther, Pan-africanismo, SOS racismo”). E muitas vezes esses movimentos das sub-ideologias ou sub-culturas vão ganhando espaço na ideologia ou seja no panorama cultural dominante, constatando um outro fenómeno ideológico que é incorporação. Incorporação É um fenómeno que consiste na implementação de ideologias que outrora pertenciam somente a subculturas na cultura dominante (hegemónica) através da capacidade de resistência das sub-culturas. Pode ser um processo demorado e conturbado levado por aqueles que não se adaptam ou assimilam a cultura dominante ou seja conseguem ver os preceitos(político-social, cultural, económico) da ideologia, revoltando contra a mesma, a maiorias dos direitos concedidos hoje por muitos, foram através de conflitos ideológicos(direito a voto as mulheres, direito aos sindicatos, direito a educação, direito a vida) e a maioria desses conflitos que rezam a historia são derivados por falta de capacidade de ver para além do espectro ideológico tudo se resume a capacidade de percepção ideológica, quanto mais ampla a percepção maior a capacidade de interpretação (interpretium), mas essa mesma capacidade de percepção começa com um simples acto de questionar o manto ideológico do panorama cultura ao qual o individuo esteja inserido.

Deixamo-nos manipular ou descodificamos e manipulamos?

  Os meios de comunicação tornaram-se veículos poderosos para manipular as mentes das pessoas. Dessa forma, é possível afirmar que os mesmos  têm o poder de modelar opiniões e comportamentos, fornecendo o material com que muitas pessoas constroem as suas convicções.
  Essas convicções, por sua vez, formam uma ideologia, aquilo em que cada um acredita e tenta seguir na sua vida.
  Para  Jonh Fiske, ideologia é um  processo de produção de significados e de ideias.
Fiske estava interessado em esclarecer de que forma a ideologia se insinuava através das imagens, dos signos e
acabaria por afirmar que em todos os atos de comunicação se manifesta um processo ideológico de significação.
  Mas criamos símbolos e, consequentemente, ideologias, ou somos influenciados por símbolos que nos levam a uma determinada ideologia?
  Vejamos o exemplo da publicidade: o que a publicidade vende é muito mais que o produto, é a promessa de satisfação de uma necessidade ou aspiração.
  As mensagens apresentam uma versão da realidade a partir de um ponto de vista que serve a determinados interesses.
  A propaganda torna-se ideológica quando elabora as ideias de acordo com o nível de entendimento de seus recetores, criando a impressão de que atendem aos seus interesses.
  Segundo Fiske, cada um de nós tem capacidade para modificar a mensagem do anúncio publicitário, podendo a mesma adquirir um sentido conotativo, segundo as necessidades individuais. Fiske sugere que investiguemos três níveis que se cruzam, onde os códigos televisivos entram em cena: realidade, por exemplo, aparência ou vestuário; representação, como o uso da luz ou da música e ideologia; as relações  já incutidas ou não, como diferenças de raça, classe ou género.
  Lembra Fiske que a aparência na vida real já é codificada; quando nós fazemos um juízo das pessoas pela sua aparência, nós fazemos isso de acordo com os códigos convencionais de nossa cultura. Segundo o autor, o único modo através do qual nós podemos perceber e dar sentido à realidade é através dos nossos códigos culturais. O que passa por realidade em qualquer cultura é o produto desses códigos culturais. Desse modo, “a realidade está sempre codificada, ela nunca é matéria bruta”.
  Assim, se quero as jeans publicitadas, poderei só estar a desejar ser loura de olhos azuis, obedecendo à minha ideia de mulher perfeita ou posso querer ser a artista que as publicita, porque é bem vista nas revistas e na TV, uma vez que defende os valores que regem a cultura da sociedade em que me insiro.
E a questão permanece…
Deixamo-nos manipular ou descodificamos e manipulamos?

Peculiaridades da comunicação e fala entre línguas diferentes


Estando a trabalhar, ter que contactar com várias pessoas ao longo do dia, muitas das vezes estrangeiras, é engraçado tentar entender a dinâmica das várias língua, das maneiras como diferentes pessoas falam, como, em caso de uma pessoa ser bilingue, a sua voz não é exatamente igual em ambas as línguas.
               Uma criança de 5 anos adianta-se em questão ao pai e chega primeiro á caixa para efetuar pagamento, ouvindo o pai a avisar o filho para esperar uma colega de trabalho pergunta á criança “Do you speak english honey?” – (Falas inglês  querido?”) ao qual a criança mais do que felizmente sorri e afirma – “Yes! I’m from Canada!” (“Sim! Sou do Canadá!”). Todos nos rimos incluindo o pai do menino. A troca destas duas frases cria um bom ambiente e ajuda na transação que teve de ocorrer, tudo porque uma criança ficou feliz por ser entendida e porque alguém conseguia falar mais do que a sua língua materna.
               Noutras situações, onde os clientes estrangeiros falam uma língua que não percebemos, tentamos sempre de alguma maneira contornar o problema. Espanhóis e italianos tem mais facilidade em falar connosco e a aprender o uso da nossa língua por isso muitas vezes não é necessário o uso da terceira, várias pessoas tentam a sua sorte em tentar falar Português e admiro-as por isso uma vez que a nossa língua não é das mais fáceis de aprender.

               No fim, a maneira mais comum de comunicar com estrangeiros é através inglês pois é a língua mais falada, mesmo assim por vezes existem erros de comunicação pois o uso de palavras por um usuário materno de um idioma e uma pessoa que a aprendeu por conta própria não se pode nunca comparar. A mesma palavra pode ter um significado diferente para ambos ou o calão do usuário materno não transmite completamente para o outro o que que dizer, mesmo a pessoas conhecendo todas as palavras usadas, simplesmente não naquela ordem especifica.

Joana Lopes 11200

Televisão versus Cinema


Televisão versus Cinema

Prometem ser programas de entretenimento para toda a família. Os animadores de televisão treinados e pagos principescamente para agarrar ao pequeno ecrã durante várias horas os espectadores incautos, vão conduzindo estes programas desprovidos de qualquer conteúdo cultural, qual maestro de uma grande orquestra, sendo que neste espaço a única coisa que pode soar a música é o apelo desmesurado ao consumismo.
Em curtos intervalos vão apresentando alguns “artistas” que já pertencem ao sistema, o esquema é sempre o mesmo, tocar duas ou três músicas a troco da divulgação de um futuro espetáculo numa data próxima, e ou se tiverem um disco lançado há pouco tempo também dá para promover e impingir mais isto ao espectador. Se ainda não tiverem um disco gravado, após duas ou três aparições nestes programas não há editora que os recuse. De tempo em tempo estes canais de televisão vão promovendo mais um desses concursos de caçar talentos musicais e em meia dúzia de sessões está encontrada mais uma estrela. Agora à que fazer o público acreditar que está ali o novo Sinatra, para isso toda uma indústria por detrás vai fazer com que o novo “talento” apareça em tudo o que é evento – contando para isso com revistas da especialidade que também são propriedade do mesmo grupo – e em programas de televisão.

No mundo do cinema temos vindo a observar uma tendência para a falta de público nas salas, mesmo quando um filme há muito é esperado, ao fim de três dias numa sala com lotação de cem lugares estão dez ou menos espectadores. Atualmente a ida ao cinema por parte de uma família fica condicionada à exploração de toda uma indústria que está por detrás da simples exibição de um filme, ou seja, o aproveitamento comercial com a venda de doces e bebidas refrigerantes  à entrada para as salas, atingindo por vezes um custo superior ao dos próprios bilhetes. As grandes superfícies comerciais ao disporem já da maioria das salas de cinema em parceria com as principais distribuidoras de filmes, passam a gerir esse monopólio de objetivo meramente comercial. Com as salas tradicionais já há muito desaparecidas resta agora aos fãs da sétima arte converterem-se e aceitar mais esta mistificação.

O que é "Arte" nos dias de hoje?

         A Pop Art influenciou o mundo artístico com a sua simplicidade de elementos banais, de maneira a se manifestar por todos. Tal como disse Andy Warhol, “A Pop Art é para todos”. Assim esta industrialização em massa também traz consequências para os artistas, as suas obras tornam-se um simples consumo do povo e deixam de certa forma de lado o seu valor. O que degrada de certa forma os artistas e o seu trabalho.
 Podemos assim também comparar este problema aos dias de hoje. Cada vez mais somos bombardeados por arte de várias maneiras todos os dias. Seja na rua, na televisão, em casa, nas redes sociais e isto faz com que o nosso cérebro esteja tão habituado a essa simplicidade das coisas que já não damos valor à arte que nos é apresentada, é só mais um “rabisco” feito por alguém. Alguém que já não sabemos bem se é artista ou não, porque o termo “artista” nos dias de hoje já não tem uma linha que separa de alguém que experimenta a arte banalmente, para alguém que vive da arte. Hoje, qualquer um pode ser artista, qualquer um pode fazer arte. É algo que nos assusta enquanto artistas. Se qualquer um pode fazer arte o que é que me torna especial? O que é que me torna alguém neste vasto mundo de produção em massa de imagens que são “arte”?
  

arte

ar.te
ˈart(ə)
nome feminino
1.
aplicação do saber à obtenção de resultados práticos, sobretudo quandoaliado ao engenho; habilidade
2.
ofício que exige a passagem por uma aprendizagem
3.
conjunto das técnicas para produzir algo; técnica especial
4.
expressão de um ideal estético através de uma atividade criativa
5.
conjunto das atividades humanas que visam essa expressão
6.
criação de obras artísticas
7.
conjunto das obras artísticas de um determinado período ou lugar
8.
capacidade; dom; jeito
9.
artimanha; astúcia



arte in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-12-24 12:18:23]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/arte

RESISTÊNCIA E RE-AÇÃO

RESISTÊNCIA E RE-AÇÃO

«A Arte é o que resiste: ela resiste à morte, à servidão, à infâmia, à vergonha.» (G. Deleuze)

A definição de resistência que os dicionários nos fornecem, no sentido lato do termo, é a de «força, por meio da qual um corpo reage contra a ação de outro corpo». Quem diz corpo, diz ideia, porque «de tudo o mesmo se diz», como se lê num verso do belíssimo poema de António Gedeão, «Impressão digital».
Ao conceito linguístico-filosófico de resistência associa-se a noção de oposição e, consequentemente, a da inevitável (forçosa) confrontação, porque a defesa contra o ataque é já uma forma de ataque. Muitos são os adjetivos que podemos colar ao conceito de resistência, para lhe delimitar o âmbito de significação: a resistência física, necessária aos desportistas e militares; a resistência psicológica, a traumas ou manifestações de violência não física; a resistência social e política, a regimes ditatoriais, a formas de injustiça, ou aos direitos das minorias. Esta modalidade de resistência pode tomar uma feição individual ou de grupo e, quando coletiva, pode configurar-se como luta armada ou movimento pacifista. A Amnistia Internacional e o Greenpeace são exemplos emblemáticos de movimentos coletivos de resistência não armada, com objetivos pacifistas de defesa do ambiente e dos direitos humanos. 
Há, ainda, a resistência à mudança, tipicamente tradicionalista e conservadora, que Camões deixou personificada n’ Os Lusíadas, na figuração do Velho do Restelo, a qual, levada a extremos, conduz às atuais formulações fundamentalistas. E há, em contraponto, a resistência ao status quo (ao estado das coisas tal como são e tal como estão), de que as vanguardas artísticas são exemplo e lição. Neste caso exemplar (confirmando o cariz contraditório do conceito de resistência já apontado), talvez se pudesse mesmo afirmar que quem age são as vanguardas artísticas e quem resiste é o status quo.

            Como se fossem duas faces da mesma moeda, à resistência liga-se a re-ação. Qualquer que seja o sentido restrito a que nos apeguemos, resistir é sempre reagir. 
Módulo 1: 2º post

sábado, 30 de dezembro de 2017

A liberdade na decisão

Vivendo nós num mundo de diversidade, a globalização trouxe-nos a possibilidade de estarmos em contacto com diferentes culturas, permitindo-nos ver para além do que está à nossa volta. A rede mundial de computadores e a internet, permitiram um grande fluxo de troca de ideias e de informações. A informação é passada com extrema rapidez, e o acesso à mesma acaba por ser muito mais fácil.
No meio de tanta informação temos de saber fazer escolhas e ser prudentes, ou seja, não acreditar como válido e verdadeiro tudo aquilo que nos é transmitido, que muitas vezes tem por trás lobbys políticos, religiosos ou outros, que procuram condicionar e determinar a nossa decisão nas mais variadas matérias.
Apoiados no nosso livre-arbítrio ou liberdade de escolha, devemos saber decidir aquilo que queremos ou não consumir no mundo digital.
A questão que se coloca é se conseguimos ser verdadeiramente livres nas nossas escolhas e não é por acaso que todas as correntes filosóficas têm feito uma busca incessante da resposta a essa questão.
Efetivamente, sempre existiram muitos debates em torno das noções de liberdade e de livre-arbítrio, especialmente da liberdade do homem perante os fenómenos da Natureza  e perante a sociedade.
Será o livre-arbítrio compatível com o determinismo? Parece-me que a resposta tem de ser negativa.
O determinismo afirma que todo o acontecimento é explicado através da determinação, ou seja, por relações de causalidade, rejeitando qualquer liberdade do homem na tomada de decisões. Tudo o que acontece no mundo é resultado ou consequência necessária de acontecimentos anteriores, não controláveis.
Em meu entender, nós somos sempre livres na decisão, sendo certo que, o nosso livre-arbítrio tem de ser usado com consciência, porque todas as nossas decisões têm consequências interiores/pessoais e exteriores. A nossa liberdade tem de ter sempre em consideração o bem da comunidade e das pessoas que nos rodeiam.