Sylvia
Bailado pelo Royal Ballet - Royal
Opera House, 2004
Recensão
Trabalho para Cultura Visual I | Janeiro 2018
Ana Rocha Pires, #11218
Historial do bailado Sylvia
Em 1876 estreou na Ópera de Paris
o bailado então denominado Sylvia, ou a
Ninfa de Diana, baseado na música homónima criada nesse mesmo ano pelo
compositor francês Leo Delibes (1836 – 1891). A coreografia era da autoria de
Louis Mérante e a primeira bailarina foi Rita Sangall.
Uma segunda produção importante
deste bailado teve lugar na Rússia em 1901 e foi apresentada pelo Ballet
Imperial no teatro Mariinsky em São petesburgo. A coreografia ficou a cargo de Lev
Ivanov que alterou o nome do bailado para apenas Sylvia.
Olga Preobrajenska foi a prima ballerina. Não tendo sido um sucesso, a obra foi retirada do
reportório do Ballet Imperial e alguns excertos passaram a ser incluídos em
eventos vários.
Curiosamente a famosa bailarina
Anna Pavlova incluiu alguns desses excertos na sua digressão mundial de 1902. À
sua atuação em Londres assistiu o jovem Frederick
Ashton, cujas memórias desse espetáculo e do desempenho de Pavlova o
inspiraram na criação de uma versão renovada do bailado, destinada à sua musa Margot
Fonteyn, em 1952.
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Rita Sangall como Sylvia, 1876
Olga Preobrajenska como Sylvia, 190
Margot Fonteyn como Sylvia,
1952
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Sylvia, pelo Royal Ballet, em 2004
Darcey Bussel como Sylvia e Jonathan Cope como
Aminta, 2004, Royal Opera House
Analisaremos aqui a versão do bailado Sylvia produzida pelo Royal ballet
em 2004, na qual Christopher Newton reconstruiu a
coreografia original de Ashton.
Elementos de produção
Music:
Léo Delibes
Sylvia: Darcey Bussell
Aminta: Roberto Bolle
Orion: Thiago Soares
Choreography: Frederick Ashton /
Christopher Newton
Conductor: Graham Bond
Papéis principais
· Sylvia – Ninfa caçadora casta, leal a Diana, desejada por
Aminta.
· Aminta – Jovem pastor apaixonado por Sylvia (paralelismo
com Endymin, também pastor que é o jovem amor de Diana).
· Diana – Deusa grega da
caça e da castidade. É no templo de Diana que tem lugar o bacanal do 3º ato.
· Orion – Caçador malévolo
que persegue Sylvia e a rapta.
Papeis secundários
· Companheiras de
caça —Mulheres caçadoras de Diana
· Cabras – Duas cabras
vão ser sacrificadas como tributo a Baco, mas são salvas pela comoção provocada
por Orion.
· Camponeses
Sinopse
O libreto do bailado é baseado
num poema do século XVI da autoria de Tassso no qual Sylvia se apaixona pelo
pastor Aminta, como consequência de várias intervenções de Eros e de uma
provocação por parte de Orion.
1º Ato
Sylvia e as suas companheiras de caça voltam de uma caça bem sucedida, junto a um altar com uma estátua de Eros, deus do amor. Sylvia goza com Eros, afirmando que não tem ..... para o amor.
Aminta, um jovem pastor, observa-a e apaixona-se. Este é encontrado e atingido por uma seta do grupo de mulheres. Nesse momento, a estátua de Eros ganha vida e atinge Sylvia com uma das suas setas, fazendo com que esta se apaixone por Aminta.
Entretanto Orion, caçador, rapta Sylvia.
Aminta é curado por um feiticeiro misterioso e sobrevive.
Este ato é caracterizado por um corpo de baile feminino, em que os movimentos tipicamente masculinos (petit allegro e tours), ilustram a força destas mulheres guerreiras.
2º Ato
Na casa de Orion, este tenta seduzi-la, oferecendo-lhe prendas e dançando com ela. Inicialmente Sylvia rejeita-o até ter a ideia de o enganar, embebedando-o e aos seus criados. Quando consegue fugir, não sabe para onde ir. Aí Eros, leva-a para junto de Aminta.
Sylvia e as suas companheiras de caça voltam de uma caça bem sucedida, junto a um altar com uma estátua de Eros, deus do amor. Sylvia goza com Eros, afirmando que não tem ..... para o amor.
Aminta, um jovem pastor, observa-a e apaixona-se. Este é encontrado e atingido por uma seta do grupo de mulheres. Nesse momento, a estátua de Eros ganha vida e atinge Sylvia com uma das suas setas, fazendo com que esta se apaixone por Aminta.
Entretanto Orion, caçador, rapta Sylvia.
Aminta é curado por um feiticeiro misterioso e sobrevive.
Este ato é caracterizado por um corpo de baile feminino, em que os movimentos tipicamente masculinos (petit allegro e tours), ilustram a força destas mulheres guerreiras.
2º Ato
Na casa de Orion, este tenta seduzi-la, oferecendo-lhe prendas e dançando com ela. Inicialmente Sylvia rejeita-o até ter a ideia de o enganar, embebedando-o e aos seus criados. Quando consegue fugir, não sabe para onde ir. Aí Eros, leva-a para junto de Aminta.
3º Ato
À frente do templo de Diana, acontece uma grande festa entre ninfas, faunos e cabras. Aminta participa na festa até Sylvia chegar, graças a Eros. Todos festejam até ao regresso de Orion, que luta com Aminta e Eros. Orion incomoda Diana e esta, atinge-o com uma seta.
À frente do templo de Diana, acontece uma grande festa entre ninfas, faunos e cabras. Aminta participa na festa até Sylvia chegar, graças a Eros. Todos festejam até ao regresso de Orion, que luta com Aminta e Eros. Orion incomoda Diana e esta, atinge-o com uma seta.
Diana zanga-se com a Sylvia por esta se ter apaixonado, no
entanto Eros lembra-a de quando ela sentiu o mesmo por um pastor chamado
Endymin.
Assim, Diana dá permissão a Sylvia de continuar o seu amor
com Aminta.
Este bailado tem a imensa mais-valia da marcação musical de Delibes,
muito colorida e melódica, encantadora aos ouvidos. Christopher Newton
introduziu algumas alterações ao nível da cenografia e da coreografia
relativamente à versão de 1952 que facilitam a compreensão da história,
elegante fantasia polvilhada de personagens míticas
Em termos técnicos é uma coreografia desafiadora para todos os
participantes, com um ritmo rápido, quase brusco. Integra muitos saltos e
“tours”, algo menos comum para as bailarinas (as ninfas caçadoras de Diana que
executam formações invulgares) mas também bastantes “balances”, não fugindo à
técnica clássica da Royal Ballet Company.
Este é um bailado em que são as mulheres que decidem, que têm o poder, o
que se evidencia desde a cena inicial em que Sylvia e a sua companheira de caça
entram triunfantes carregando a carcassa de um veado até ao momento em que a
deusa Diana acerta no vilão da história com uma única seta letal.
A personagem principal Sylvia, criada por Ashton, é uma personagens mais
surpreendentemente amplas do mundo do ballet clássico. Profunda, versátil e
imprevisível, passa de poderosa caçadora no Ato I (qual Valquíria, gozando
descaradamente com Eros), para a mulher
inteligente e engenhosa no Ato II (que engana e embebeda Orion, conseguindo
escapar dele) até à jovem apaixonada da cena final. É uma mulher não passiva, uma orgulhosa
amazona que quando, no “grand pas”, se une novamente a Aminta, não perde a sua
força, revelada nas piruetas e saltos que realiza.
Referências Bibliográficas
Royal Opera
House, The Royal Ballet, A Colletion DVD
Set, Londres
Anderson, Zoac, Sylvia, Royal
Opera House, Independent, Londres, 2004. Disponível em: http://www.independent.co.uk/arts-entertainment/theatre-dance/reviews/sylvia-royal-opera-house-london-19327.html
Mackrell, Judith, Sylvia, The Guardian, Londres, 2004. Disponível
em: https://www.theguardian.com/stage/2004/nov/05/dance1
Royal Opera House, Sylvia. Disponível em: http://www.roh.org.uk/productions/sylvia-by-frederick-ashton Sylvia



