"Eu, Christiane F, 13 anos, drogada e prostituída" é um filme que trata a auto-biografia de um jovem alemã que se envolveu no mundo das drogas e da prostituição.
A história narra a vida de Christiane F, que vivia num bairro pobre e num ambiente violento, graças essencialmente ao seu pai alcóolico. Devido à liberdade dada por parte da mãe, tentando compensar as atitudes do pai, acabando assim por cometer um enorme erro e levando Christiane facilmente para o mundo das drogas. Vieram primeiro as drogas leves e depois as mais pesadas, como a heroína, e a partir daí a vida dela vira um tormento. Ela vê-se obrigada a prostituir-se com apenas 14 anos para poder sustentar o vício.
Mais tarde, tenta matar-se com uma overdose porém consegue desintoxicar-se, após várias tentativas frustradas.
“É a razão profunda pela qual este livro extraordinário é, e deveria ser, quase insuportável.”
O filme é bastante insuportável de ver, mas nem por isso dá para despregar os olhos do ecrã. Insuportável no sentido de incomodar ao tentar imaginar o cenário que a jovem viveu. A cena em que ela se droga pela primeira vez e usa agulhas é particularmente perturbadora, para mim, assim como a da prostituição, especialmente por ela ter apenas 14 anos quando isto aconteceu, e não é uma coisa que seja normal ver por parte de uma criança, até porque eu na altura em que vi o filme tinha apenas mais dois anos que ela e isso deixou-me um pouco agoniada. Não dá para não imaginar como uma criança se vendia para se drogar.
Christiane acumulou traumas que comprometeram a sua vida social pós-droga. A jovem chegou ao ponto de não conseguir se relacionar com rapazes por muito tempo, pois imaginava que eles iriam querer algo em troca.
O filme Eu, Christiane F., 13 anos, Drogada, Prostituída… faz refletir. Como é que um ambiente familiar faz alguém entrar nas drogas e de facto não conseguir largar, numa idade tão jovem onde é suposto as crianças brincarem umas com as outras, não andarem metidas em drogas ao tentar fugir à realidade deprimente que a rodeava.
Tornou-se um pouco, ao longo do tempo, uma tentativa, por parte dela, de integração naquele mundo. Hoje, esse comportamento de querer se encaixar não é muito diferente. Os adolescentes querem fazer parte de tudo o que é um pouco preocupante, muitos de nós não possuímos expectativas de nada, do que queremos, até nos esquecemos do que fazer quando não há um espaço com internet, já nem sequer vai haver experiências, não como as de Christiane, que foram experiências perturbadoras, mas algo bom que pudéssemos vivenciar.
Ela sinaliza algo como que não quer ser como os pais, e de achar que os adultos idealizam demais, o que é uma porcaria no seu ponto de vista. Quando Christiane foi para o interior para viver com a família por parte de mãe, depois do inferno em Berlim, ela serviu de ajuda para muitos jovens, mas acabou vendo um reflexo do que viveu, algo que a marcou para sempre.
É um filme bastante interessante e chocante, na minha opinião, o que o torna muito único pois praticamente não são tratadas estas histórias verídicas com tanto impacto como o que é mostrado neste filme. Aprendemos que a vida não é só como nós pensamos que é.

