quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Do outro lado do espelho




até 5 de Fevereiro





A exposição «Do outro lado do espelho» está dividida em 5 núcleos temáticos; «Quem sou eu? O Espelho identitário», «O Espelho Alegórico», «A Mulher em Frente ao Espelho: A Projeção do Desejo», «Espelhos Que Revelam e Espelhos Que Mentem» e «O Espelho Masculino: Autorretratos e Outras Experiências». 

O titulo da exposição remete intencionalmente para o mundo de Alice Liddle e a sua aventura identitária. Ao ter atravessado o espelho e desconstruindo uma identidade que lhe tinha sido imposta, construindo a sua própria identidade. 

A exposição obriga-nos a fazer uma reflexão de quem somos e o papel que os espelhos tem nessa construção da nossa imagem. Afinal de contas nós só temos de nós mesmos uma imagem invertida do que somos na realidade. Nunca nos conseguimos ver como os outros nos veem a nós. E é a partir dessa imagem invertida que entre os 6 e os 18 meses criamos a nossa identidade. Ficaremos presos a esse reflexo, como Narciso ou seremos capazes de o transpor como Alice? 

E o que vemos nesse espelho? É virtude ou defeito? Ou veremos a efemeridade da vida e dos seus prazeres como na obra Vanitas, de Jan Sanders van Hemessen?
 


Jan Sanders van Hemessen (Hemiksem, c. 1500 – Antuérpia (?), c. 1560). «Vanitas [Vanité]», c. 1535. Óleo sobre madeira . 90 x 73 x 9 cm. Lille, Musée des Beaux-Arts. Inv. P 2009




Ao percorrer a exposição é curioso notar que o espelho na pintura está quase sempre relacionado com o género feminino, só representado homens no caso de autor-retratos.
Segundo as curadoras, durante a investigação para a exposição, só encontraram uma obra com um homem a contemplar-se ao espelho e uma pintura de um local de toilette masculina (A Casa de Banho de Jacques-Émile Blanche de Maurice Lobre, incluída na exposição), com o ocupante ausente e uma rapariga jovem a abandonar esse espaço de intimidade.

Harold Gresley (Derbyshire, 1892 – Derby, 1967). «O Espelho Convexo [The Convex Mirror]», 1945 . Óleo sobre tela. 77,5 x 63,5 cm . Derby Museums. Inv. DBYMU 2001-20   

Embora de pequena dimensão, só estão expostas 69 obras, a exposição alterna entre momentos mais tensos com momentos mais relaxados o que a torna bastante agradável de ver.  E se quisermos fazer uma reflexão mais profunda sobre nós mesmos, há na entrada um espelho para que nos possamos contemplar.