quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

recensão

Hedwig and The Angry Inch (filme)


Algum contexto:

Hedwig and The Angry Inch é um filme musical e cômico escrito por John Cameron Mitchell e com letras/música de Stephen Trask.  Adaptado da peça homônima estreada em 1998 desempenhada “ off-Broadway”. Passou por diversas produções teatrais ate que em 2014 chegou a Broadway. Os papeis principais foram interpretados por diversos actores que trazem sempre uma diferente abordagem a este papel.
                Em 2001 foi adaptada para o cinema e apesar de todas as criticas positivas e pontuações elevadas por diversas plataformas online da 7º arte, este foi considerado um fracasso de vendas nas bilheteiras.
                O filme é uma espécie de autobiografia de Hedwig: desde o seu tempo na Alemanha durante a Guerra Fria; uma operação que corre mal para mudar de sexo; a fuga para os Estados Unidos com o seu então namorado; a sua carreira artística fracassada; a busca por amor.



               Vi este filme há uns anos atras, as suas músicas sempre me acompanharam ate agora, mas o filme em si foi algo que praticamente esqueci. Na altura achei o enredo simples, a personagem principal uma pessoa ousada que parece ter com missão chocar todos a sua volta e com ações que provavelmente irritam o espetador, o visual na altura não me cativou e a narrativa pode ate ser confusa.
No entanto, quando retornei a ver o filme recentemente, após anos a “ingerir” todas as letras deste musical consegui perceber o que J. C. Mitchell queria transmitir: uma personagem que perdeu a sua identidade, que se deixou alienar pela sociedade e eventos que a rodeavam e que nesta constante situação começa-se a perder e auto-destruir.
Temos este lado mais sublime que é mostrado nas músicas que tem um papel importante ao logo do filme, afinal, isto é um musical autobiográfico de Hedwig que nos permite a nós (espetador) interpretar e aceder ao seu lado emocional e honesto que nunca é transmitido nas suas performances e piadas que vai fazendo entre performances.


“And there's no mystical design
No cosmic lover preassigned
There's nothing you can find
That cannot be found
'cause, with all the changes you've been through
 It seems the stranger's always you
 Alone again in some new Wicked little town”



Apesar de a música ser o elemento mais destacado, realmente não nos deparamos com uma simples e direta adaptação.  Foi explorando este novo elemento visual que não era permitido no teatro: a composição e enquandramento das cenas como mais uma forma para ajudar no lado mais subtil. Um auxilio a nossa interpretação e aos pensamentos íntimos de Hedwig. Por exemplo nesta cena entre Hedwig e Tommy (o seu principal interesse romântico e acreditado por ela como sendo a sua “cara metade”.


 Juntamente com a música “The Origin of Love” cantada numa cena ao inicio do filme.


“They had two sets of arms.
They had two sets of legs.
They had two faces peering
Out of one giant head
So they could watch all around them
As they talked; while they read.
And they never knew nothing of love.
It was before the origin of love.
[…]
Said, "I'll split them right down the middle.
Gonna cut them right up in half.”


             É um filme que demonstra a complexidade do ser humano e deixa-nos sempre espaço para refletirmos e inclusive enquadrarmos as nossas próprias experiencias nesta história e nas suas personagens.

“Or a song
That hits you so hard
Filling you up
And suddenly gone”