quinta-feira, 11 de janeiro de 2018


   “MAR NOVO” - Exposição de obra que nunca chegou a existir



Com o acontecimento do centenário do pintor Júlio Resende, a FBAUP (Faculdade de Bela Artes do Porto) inaugurou uma exposição já há muito esperada, ressuscitando o projeto de Júlio Resende, escultor Barata Feyo e arquiteto João Anderson.

“Mar Novo” foi o nome a qual este projeto foi batizado quando participou no 3º concurso para o monumento do infante D. Henrique, realizado em 1956.
Este projeto que nunca se realizou por razões desconhecidas dinamizou uma interdisciplinaridade a grande escala de três áreas distintas.

Apresentando-nos as memórias descritivas dos três artistas mais as fotomontagens de Teófilo Rego podemos conhecer várias fases e faces do projeto, e ver o que seria o grande monumento dedicado ao infante D. Henrique.

O projeto organizado por três praças e distendido num percurso de 1km ao longo do promontório, começando com uma imagem de uma caravela numa rosa-dos-ventos, numa disposição cénica de peças, luz e cores que nos remetem para a história trágico-marítima, terminando com uma escultura imponente de 16 metros do infante de Barata Feyo. Sendo o núcleo central uma cripta escavada no solo onde se encontraria um museu, uma capela e uma biblioteca.

A organicidade e a escala megalómana da construção que num gesto circular e ascensional sinaliza esta obra, inspirada nas velas dos navios, destaca com imponência este local, via terreste e via marítima. Remetendo nos também através de uma síntese plástica, com um jogo de luz e dos murais do pintor (com mosaico vidrado colorido com 1600 m2) na cripta central, para um lugar de reflexão e compreensão da dificuldade que a viagem representada se deparou, relembrando-nos um certo patriotismo e a necessidade de honrar estes heróis portugueses.

 Esta grande obra que podia ter marcado historicamente não só a arquitetura como a pintura e a escultura, estará somente imortalizada através dos estudos, reproduções fotográficas dos artistas e nos poemas da obra de Sophia Mello Breyner “Mar Novo” que foram dedicados e inspirados nas representações do pintor Júlio Resende nos belos murais.