quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

12 Years a Slave- Recensão

O filme, baseado em factos reais, conta a história de Solomon Northup, um violinista negro, que vivia em Soratoga, em Nova Iorque, com a sua família ( a sua mulher e os seus dois filhos), no ano de 1841. Quando lhe surge uma proposta de trabalho feita por dois homens aparentemente amigáveis, e após um jantar supostamente normal, acabar por perceber no dia seguinte que não passava de uma mentira, ao acordar acorrentado, pois fora raptado, vendido como escravo e obrigado à força a adotar uma nova identidade. O seu novo nome era Pratt, um escravo fugitivo da Geórgia.

É vendido algumas vezes, primeiramente por um fazendeiro chamado William Ford, um dono relativamente benevolente, mas devido a algumas altercações com John Tibeats, um carpinteiro que também trabalhava na fazenda, William é obrigado a vendê-lo pois teme que Solomon seja morto por John, que desde o início o odiou.

Então, é vendido a Edwin Epps, e passa a trabalhar na apanha de algodão. Ao contrário do seu primeiro dono, tanto Solomon como os outros escravos são tratados pessimamente, através de abusos físicos e verbais bastante agressivos, nem sendo vistos como humanos. Na plantação, quem não apanhasse mais de 91 kg era castigado, sendo que uma escrava chamada Patsey apanhava mais de 230 kg por dia, sendo muito elogiada por Epps. Mais tarde percebemos que Patsey era violada por Edwin. É neste local que nos é mostrado, ao público, a maior parte dos abusos que os escravos sofriam.

Passado algum tempo, Solomon conhece um trabalhador Bass, que era branco e que discordava com a escravatura, afirmando que todos os humanos tinham os mesmos direitos, uma mentalidade que não tinha sido observada até aqui no filme, sendo a primeira personagem a ser contra o tratamento das pessoas como “propriedade”.

Com a ajuda de Bass, Solomon consegue provar a sua liberdade e a sua identidade, e acaba por voltar para casa, doze anos depois. Quando chega a casa, entra a sua familía, e dois novos membros, o marido da sua filha, e um neto, com o seu nome.

Este filme retrata os maus tratos e o sofrimento dos escravos de uma maneira muito “crua”, sem medo de mostrar imagens perturbantes, o que achei interessante. Durante o visionamento do filme, é impossível sentir indiferença perante o que acontece às personagens, sentindo-se até uma grande agonia em vários momentos, como no momento onde Patsie é chicoteada, primeiro por Solomon, que é obrigado a fazê-lo ou Edwin mata todos os escravos ou quando Solomon é amarrado a uma árvore para ser enforcado, sendo deixado à sua sorte e apenas sobrevivendo por conseguir manter-se com a ponta dos pés no chão numa cena sem cortes, que demora algum tempo, onde podemos observar pessoas a passar, mas sem nunca intervir, ou por não poderem ou por simplesmente não se importarem. 

Achei esta característica do filme positiva, a representação das coisas tal como foram, sem eufemismos, com o objetivo de causar impacto no público. É-nos exposta uma realidade que não é bonita, mas que foi real, e que não está muito longe de nós. Também gostei da maneira como foi retratada a relação entre as personagens negras e brancas. É possível ver desde uma relação de amizade e coexistência pacífica, até ao mais puro ódio, desrespeito e de subjugação. Apesar de a história se passar no século XIX, o racismo e a escravatura são algo que ainda se encontra na nossa sociedade, apesar de não se encontrar tão visível. Mesmo que hoje em dia isso seja visto como algo atroz, não quer dizer que tenha desaparecido por completo. Este filme tocou-me bastante, apesar de ter uma noção dos temas tratados no filme, ver a maneira grotesca como a sociedade era deixa qualquer um a pensar como é que alguém é capaz de tratar outro ser humano dessa maneira. Aconselho o visionamento deste filme, pois trata um tema que infelizmente ainda não desapareceu por completo, mas que demonstra o sofrimento que a desigualdade pode causar.