A Princesa Mononoke, ou もののけ姫
(Mononoke Hime), é um filme de animação japonesa produzido pelo Studio Ghibli e
realizado por Hayao Miyazaki. O filme estreou no Japão a 12 de julho de 1997.
Desde pequena que estou familiarizada com as produções de
Miyazaki e do Studio Ghilbli, e A Princesa Mononoke sempre foi o filme que mais
me chamou à atenção.
O enredo deste filme é o típico humano vs natureza, mas é
tratado de uma forma mais complexa.
O filme começa com a frase “Em tempos antigos a terra era
coberta de floresta onde desde há muitos anos viviam os espíritos dos deuses”,
o que indica logo qual o tema que vai ser tratado.
A história gira há volta de um conflito entre as pessoas que
habitam perto da floresta do deus-Veado, que tentam sobreviver a trabalhar o
ferro e a produzir novas armas de fogo, governadas por Lady Eboshi, e os deuses
que habitam nessa floresta que tentam proteger o seu território que está a ser
destruído por estes humanos. É aqui que entra a personagem que dá o nome ao
filme, San, também conhecida por Princesa Mononoke, uma humana que fora criada
pela deusa-loba Moro, que tenta proteger
a sua casa e dos outros deuses.
Ashitaka, a personagem principal, depara-se com este conflito
após ter morto um deus-javali amaldiçoado que se dirigia para a sua vila, acabando
por ficar ele amaldiçoado após o “demónio” o ter tocado no braço, sendo forçado
a sair da vila para descobrir a origem deste incidente e arranjar uma cura
antes que a maldição o leve à morte.
É quando chega ao seu destino, a vila de Lady Eboshi, que Ashitaka
se depara com San que juntamente com dois deuses-lobos estão a lutar contra os
homens da vila. Ashitaka conhece Lady Eboshi e percebe que a razão do deus-javali
ter sido amaldiçoado foi a destruição da sua terra para a construção da atual vila.
As três personagens principais representam as três ideias
base do filme, San representa a valorização da natureza, Lady Eboshi a da sobrevivência
humana, e Ashitaka a coexistência entre os dois.
Lady Eboshi é talvez a personagem mais complexa. Ela pode
ser vista como a personagem má da história, pois ela está a destruir a natureza
para os humanos, mas ao mesmo tempo, tal como é descrito pelos habitantes,
graças a ela muitos homens e mulheres tiveram uma segunda oportunidade e são felizes
com a sua nova vida apesar do trabalho árduo.
Ao falar sobre este filme, não posso deixar de referir a
incrível animação, a forma como os desenhos são animados, feitos à mão, os
detalhes como o vento na relva, as sombras, a “maldição” nos deuses, é algo que
faz com que este filme seja fantástico para além do seu enredo. A banda sonora
também é de referir, a música e os efeitos sonoros estão bem colocados, mas também
o uso do silêncio, principalmente nas cenas em que aparece o deus-Veado, “rei”
da floresta, por vezes acompanhado de pequenos tilintares quando este anda, que
torna a sua aparência em algo místico e a sensação de estarmos num paraíso.
Também estão presentes alguns simbolismos, como por exemplo
quando vemos o deus-veado a caminhar pela primeira vez notamos que quando as
suas patas pousam na terra crescem plantas, mas imediatamente estas morrem, e
isto mostra, o que é referido mais tarde no filme, que o deus-veado não é
apenas um deus da vida, mas também um deus da morte. Outro simbolismo são os
espíritos Kodama, personagens engraçadas que, como Ashitaka descreve, o seu aparecimento
“é sinal que a floresta é saudável”, e que ao longo do filme eles aparecem a
andar pelo espaço ou no cimo das árvores. Mas nas cenas finais quando a
floresta está a ser destruída pelo deus-veado na sua forma de caminhante-da-noite
(durante a noite ganha esta forma e durante o dia tem a forma de uma espécie de
veado) que procurava a sua cabeça que fora cortada por Lady Eboshi, podemos ver
os Kodama a cair das árvores simbolizando que a floresta está a morrer.

Neste filme não há lado bom nem mau, apenas dois lados que
fazem o possível para sobreviver e proteger o que é deles.
A moral da história está explicita no fim do filme. No fim,
o deus-veado morre regenerando toda a floresta que fora destruída, e apesar de
San e Ashitaka gostarem um do outro, ele fica a viver com os humanos, que “vão
começar de novo e construir uma boa vila”, com diz Lady Eboshi, enquanto San
continua a viver na floresta, sendo que Ashitaka a vai visitar quando pode. Isto
demonstra a tal coexistência, a ideia que Ashitaka representa, que o ser humano
e a natureza devem viver em harmonia.