quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

A Princesa Mononoke - Recensão



  A Princesa Mononoke, ou もののけ (Mononoke Hime), é um filme de animação japonesa produzido pelo Studio Ghibli e realizado por Hayao Miyazaki. O filme estreou no Japão a 12 de julho de 1997.
  Desde pequena que estou familiarizada com as produções de Miyazaki e do Studio Ghilbli, e A Princesa Mononoke sempre foi o filme que mais me chamou à atenção.
  
  O enredo deste filme é o típico humano vs natureza, mas é tratado de uma forma mais complexa.
  O filme começa com a frase “Em tempos antigos a terra era coberta de floresta onde desde há muitos anos viviam os espíritos dos deuses”, o que indica logo qual o tema que vai ser tratado.
  A história gira há volta de um conflito entre as pessoas que habitam perto da floresta do deus-Veado, que tentam sobreviver a trabalhar o ferro e a produzir novas armas de fogo, governadas por Lady Eboshi, e os deuses que habitam nessa floresta que tentam proteger o seu território que está a ser destruído por estes humanos. É aqui que entra a personagem que dá o nome ao filme, San, também conhecida por Princesa Mononoke, uma humana que fora criada pela deusa-loba Moro, que tenta proteger a sua casa e dos outros deuses.

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  Ashitaka, a personagem principal, depara-se com este conflito após ter morto um deus-javali amaldiçoado que se dirigia para a sua vila, acabando por ficar ele amaldiçoado após o “demónio” o ter tocado no braço, sendo forçado a sair da vila para descobrir a origem deste incidente e arranjar uma cura antes que a maldição o leve à morte.
  É quando chega ao seu destino, a vila de Lady Eboshi, que Ashitaka se depara com San que juntamente com dois deuses-lobos estão a lutar contra os homens da vila. Ashitaka conhece Lady Eboshi e percebe que a razão do deus-javali ter sido amaldiçoado foi a destruição da sua terra para a construção da atual vila.
  
  As três personagens principais representam as três ideias base do filme, San representa a valorização da natureza, Lady Eboshi a da sobrevivência humana, e Ashitaka a coexistência entre os dois.
  Lady Eboshi é talvez a personagem mais complexa. Ela pode ser vista como a personagem má da história, pois ela está a destruir a natureza para os humanos, mas ao mesmo tempo, tal como é descrito pelos habitantes, graças a ela muitos homens e mulheres tiveram uma segunda oportunidade e são felizes com a sua nova vida apesar do trabalho árduo.
  
  Ao falar sobre este filme, não posso deixar de referir a incrível animação, a forma como os desenhos são animados, feitos à mão, os detalhes como o vento na relva, as sombras, a “maldição” nos deuses, é algo que faz com que este filme seja fantástico para além do seu enredo. A banda sonora também é de referir, a música e os efeitos sonoros estão bem colocados, mas também o uso do silêncio, principalmente nas cenas em que aparece o deus-Veado, “rei” da floresta, por vezes acompanhado de pequenos tilintares quando este anda, que torna a sua aparência em algo místico e a sensação de estarmos num paraíso.

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  Também estão presentes alguns simbolismos, como por exemplo quando vemos o deus-veado a caminhar pela primeira vez notamos que quando as suas patas pousam na terra crescem plantas, mas imediatamente estas morrem, e isto mostra, o que é referido mais tarde no filme, que o deus-veado não é apenas um deus da vida, mas também um deus da morte. Outro simbolismo são os espíritos Kodama, personagens engraçadas que, como Ashitaka descreve, o seu aparecimento “é sinal que a floresta é saudável”, e que ao longo do filme eles aparecem a andar pelo espaço ou no cimo das árvores. Mas nas cenas finais quando a floresta está a ser destruída pelo deus-veado na sua forma de caminhante-da-noite (durante a noite ganha esta forma e durante o dia tem a forma de uma espécie de veado) que procurava a sua cabeça que fora cortada por Lady Eboshi, podemos ver os Kodama a cair das árvores simbolizando que a floresta está a morrer.

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  Neste filme não há lado bom nem mau, apenas dois lados que fazem o possível para sobreviver e proteger o que é deles.
  A moral da história está explicita no fim do filme. No fim, o deus-veado morre regenerando toda a floresta que fora destruída, e apesar de San e Ashitaka gostarem um do outro, ele fica a viver com os humanos, que “vão começar de novo e construir uma boa vila”, com diz Lady Eboshi, enquanto San continua a viver na floresta, sendo que Ashitaka a vai visitar quando pode. Isto demonstra a tal coexistência, a ideia que Ashitaka representa, que o ser humano e a natureza devem viver em harmonia.