Brideshead Revisited é uma mini-série britânica de 1981.
Adaptando a obra de Evelyn Waugh, a série encontra um Charles Ryder (Jeremy
Irons) de meia-idade, capitão de exército inglês em plena Segunda Guerra
Mundial, revivendo o seu passado naquele que foi o edifício onde ocorreram os
momentos que mais moldaram a sua vida adulta. É a partir daí que parte em
flashback para os seus tempos de universitário, nos anos 20, onde conhece o
excêntrico e posh Sebastian Flyte (Anthony Andrews). Ambos formarão uma amizade
que até ao presente, Charles recorda como o seu primeiro grande amor.
É agora que ele começa verdadeiramente a viver, e os hábitos
boémios de Sebastian influenciam-no, despertam-no e em muitos aspectos, libertam-no.
Charles ganha a inspiração que só lhe
dará Sebastian (e partirá com ele também) solidificando-se como pintor. Num
momento em que narra com arrependimento, após a visita de um primo que o
encontra a exercer o seu novo lifestyle – com bastante álcool – Charles provoca-o
deselegantemente e lamenta a resposta certa que nunca dera, à reprovação do
familiar.
''I could tell him, too, that to know and
love one other human being is the root of all wisdom.''
E esta frase será para mim, um motto para o percurso de
Charles.
"I know of these romantic friendships of
the English and the Germans. They are not Latin. I think they are very good if
they do not go on too long." Diz-lhe uma das personagens a certo
ponto na história. Ela via com precisão que a relação que Charles desfrutava
com Sebastian, tal como a que existe entre duas crianças, chegara aos jovens
britânicos mais tarde, depois da adolescência… e que anteciparia relações
futuras – relações maduras. E é precisamente assim, que se torna percursora do
amor entre Charles e Julia (Diana Quick), irmã de Sebastian, há medida que este se vai
afastando da vida de Charles e caindo na tragédia.
Esta parte, no entanto, desenvolve-se bruscamente saltando
para os anos 30 e apanhando-nos de surpresa na segunda parte da série, embora o
terreno haja sido plantado sementes atrás ao longo da primeira: Charles
afeiçoa-se aos causadores da angústia de Sebastian que são não menos que a sua
família aristocrata, donos da mansão Brideshead.
“Sometimes, I feel the past and the future
pressing so hard on either side that there's no room for the present at all.”
Os protagonistas são agora Charles e Julia. Mas mais que uma
história de amor, esta é uma história de fé. O agnosticismo de Charles
contrasta pesadamente com a extrema religiosidade da família Marchmain - e
testemunha o seu catolicismo quase de forma alienígena. Julia é a encarnação deste
peso.
Religião é a estrada onde se movem as personagens,
desviando-se, orientando-se, questionando, afirmando, testando e rendendo-se ao
longo da jornada. Todo um espectro da fé católica é nos apresentado. E a série
flui, na sua cinematografia crua e estéril, arrastando-nos, deliciando-nos com
personagens coloridas e diálogos frutuosos. Acompanhando os protagonistas e as
posições em que o amor os coloca.
