Dados da obra:
1. Titulo
do Livro: “Só Nós
Dois”
2. Autor:
Nicholas Sparks
3. Editora:
Willow Holdings
4. Cidade
de Edição: Nova
Iorque
5. Ano
de edição: 2016
6. Traduzido
por: Isabel
Veríssimo
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Introdução:
Este
trabalho tem como objetivo fazer uma análise critica e opinativa sobre o livro
de Nicholas Sparks, “Só Nós Dois”, relacionando-o com o dia-a-dia das pessoas,
e com a atualidade.
Inicialmente
é realizado um pequeno contexto da obra; de seguida o livro é analisado com um
olhar crítico, referindo todos os aspetos importantes que a constituem e, para
além disso, a contribuição da mesma para a sociedade. Por fim, é referido o
ponto de vista do autor e a sua inspiração, e o meu ponto de vista em relação a
esta obra (opinião).
Breve Resumo da obra:
Na
obra “Só Nós Dois”, é descrita a vida da personagem principal – Russel Green.
Este tem trinta e dois anos, e é casado com Vivian – uma mulher lindíssima e
dedicada à família. Para além disso, Russel tem uma filha encantadora e uma
carreira de sucesso.
Apesar
de o mesmo achar que a sua vida é considerada um sonho, de um momento para o
outro, este perde a mulher para outro homem, mais o emprego, ficando a sós com
a filha de seis anos, London. Pela primeira vez, percebe que não pode
entregar-se à sua própria dor pois London depende agora unicamente dele.
O
dia a dia com a filha é muito mais difícil do que alguma vez imaginara – cheio
de escolhas, consequências e anseios. Ainda assim, isso torna-se, de uma certa
maneira, gratificante.
“Só Nós Dois” é um retrato da experiência
simultaneamente aterradora e satisfatória de ser pai solteiro: dos desafios aos
riscos, e, claro, às recompensas. Esta relembra-nos a importância dos laços de
família.
Análise
Crítica da obra:
Esta
obra contribui imenso para entendermos melhor a atualidade uma vez que cada vez
mais pessoas, se identificam com este tipo de situações: são tratadas mal
(chantageadas psicologicamente – jogos psicológicos), são traídas e, tornam-se
pais, ou mães, solteiros(as). Para além disso, surgem outros como as doenças,
tema bastante falado mais para o final do livro.
Russel
foi uma das pessoas que teve de aprender a lidar com todo este tipo de
situações, num “curto” espaço de tempo. Anteriormente, ele era o único que
trabalhava para a casa, uma vez que Vivian fez pressão para que pudesse ficar a
tomar conta da sua filha recém-nascida – ela acreditava que para um melhor
desenvolvimento da criança, a mesma devia ser totalmente educada pelos pais. O
problema surgiu quando Russel perdeu o emprego e a sua filha London começou a
frequentar a escola primária. Vivian então quis voltar a trabalhar, acabando
por arranjar trabalho na empresa rival à que Russel trabalhava anteriormente.
Mesmo
com pouco dinheiro, Russel decidiu formar, ou tentar formar a sua própria
empresa, mesmo que a sua esposa não apoiasse essa ideia. Uma das coisas
admiráveis desta personagem, era o facto de ele ser capaz de ouvir todas as
criticas da esposa e, mesmo assim, continuar a amá-la da mesma maneira, desde o
momento em que a conheceu.
Muitas
das vezes Vivian, quando se sentia cansada ou frustrada do trabalho, usava
todos os acontecimentos do passado para culpar Russel, mais concretamente, para
o fazer sentir culpado. Chegou ao ponto em que o acusou de ele a ter obrigado a
deixar o seu emprego, para ficar a tomar conta de London quando a mesma nasceu,
sendo que isso jamais seria verdade. Apesar disso, a personagem chega a um
ponto em que se interroga a si mesmo se a culpa não havia sido dele; a sua
mente é moldada à maneira de Vivian.
A
irmã de Russel, Marge, sabia que algo se passava, mas o mesmo não se sentia à
vontade para conversar sobre o assunto, apenas porque Russel não queria demonstrar o seu “lado fraco”.
Este
tipo de situação acontece pelo mundo inteiro, não só com mulheres, como também
com os homens, como se pode observar. O facto de as mulheres terem sido,
durante tantos anos, denegridas pela sociedade, postas de parte e consideradas
como pessoas sem qualquer capacidade levou a que, atualmente, estes casos se
tenham invertido. Antigamente, apenas as mulheres se queixavam, mas agora já
alguns homens o fazem. O maior problema é que o nível de expressão por parte
deles, é muito inferior ao das mulheres. Isto acontece porque a sociedade diz
que um homem não deve queixar-se ou chorar; por causa disto estes acabam por
ter medo de dizer o que quer que seja aos outros, sobre a sua parceira, ou até
mesmo sobre algo que os aflija.
A
vida de Russel acabou por vir a piorar cada vez mais: agora era ele que tomava
conta da sua filha, que a levava às atividades, que lhe dava banho e a
penteava, algo que ele nunca havia feito anteriormente, mas que agora se
encontrava encarregue de fazer uma vez que Vivian passava o tempo inteiro a
viajar por causa do trabalho. Devido a esta situação, Russel acabou por formar
uma relação muito mais estável com a sua filha, do que aquela que havia entre
Vivian e London. Por parte de Russel existe um amor verdadeiro, contrastando
com o amor de Vivian, que vê na filha o seu próprio espelho e vontade que a
pequenita seja igual a si ou até mesmo superior. Então coloca-a nas mais
diversas atividades, algumas delas que são odiadas pela mais nova:
"Hoje em dia, as crianças têm
compromissos de manhã à noite e a London não era exceção porque os pais o
exigiam.
Mas como é que isso aconteceu? E
porquê? O que foi que alterou a perspetiva dos pais na minha geração? Pressão
dos pares? Viver por delegação o sucesso de um filho? A criação de currículo
para a universidade? Ou seria apenas medo de que não fosse bom os filhos
descobrirem o mundo sozinhos?
Não sei.
Porém, estou convencido de que
houve uma coisa que se perdeu durante o processo: a alegria simples de acordar
pela manhã e não ter absolutamente nada para fazer."
Com
isto em mente, quando Vivian se encontra fora, Russel leva London a fazer
atividades, nunca antes realizadas pela menina anteriormente, mas a sua esposa
não quer que esta relação entre ambos não evolua mais, gerando uma discussão
com Russel. O mesmo acaba por referir o facto de ela agora não se encontrar em
casa, mostrando um pouco de dúvida em relação ao objetivo das viagens que
Vivian realiza.
Mesmo
afirmando que apenas se encontrava em viagem de trabalho com o seu patrão,
qualquer um perceberia que algo de errado se passava; qualquer um, menos Russel
– a sua mente tentava ao máximo não pensar no pior. Para além disso, o mesmo
convencia-se de que Vivian era a mulher perfeita: ela nunca seria capaz de o
trair, não depois de se terem casado e terem dito os seus votos de casamento.
Com isto, ele torna-se numa pessoa subserviente a Vivian – fazia todas as
vontades da esposa.
Ainda
assim o inevitável acontece e Russel acaba por ficar sozinho com a filha,
culpando-se pelo fim do seu casamento. O mesmo sobrevoa as suas memórias para
ver em qual das partes é que errou com Vivian, tentando arranjar desculpas para
a sua ex-esposa.
Com
o apoio dos pais, da sua irmã e da sua cunhada, e claro, com a presença da sua
filha, Russel vai conseguindo ultrapassar este momento desgostoso.
A
verdade é que hoje em dia, muitas pessoas não são apoiadas devidamente – ou
porque grande parte das famílias não sabe como fazê-lo, ou porque realmente não
existe ninguém que as possa apoiar. E esta obra chama a atenção desse assunto:
algo que nunca faltou a Russel foi o apoio por parte da sua família.
Apesar
disso, Russel eventualmente procura apoio de outra forma: a personagem reencontra
alguém, pela qual se apaixona novamente, mas mesmo assim, ele não é capaz de
deixar o passado totalmente para trás. O mesmo ainda se pergunta se Vivian vai
dizer algo sobre aquele relacionamento; se ela pensa em voltar para ele; se ela
o vai dissuadir daquela relação que se está a formar. Ainda assim, consegue
sobrepor os seus sentimentos aos seus pensamentos, mais no final do livro –
parte em que outro assunto bastante importante se encontra por vir: o cancro.
A
maneira como Sparks chega a este tema é de forma bastante subtil: começou
apenas por dizer que Marge apareceu com alguma tosse – todos achavam que não
passava apenas de uma constipação – até que essa tosse começa a piorar, mas as
palavras que o autor usa, apesar de nos levantarem algumas suspeitas, não são
as suficientes para perceber que algo está mal. Só quando é afirmado que Marge
tossia sangue, é que se ficou a perceber até onde este caminho iria levar.
Lidar
com este tipo de situação é algo extremamente difícil, não existindo quaisquer
palavras para descrever a dor sentida. Mesmo assim, o modo como toda a situação
se encontra descrita, faz com que sejamos capazes de sentir a dor que as
personagens se encontram a sentir.
Ainda
assim, Russel encontra o que talvez muitas pessoas não encontram: felicidade.
Grande parte da população que tem de viver neste cenário complexo acabam por se
perder a meio do caminho e, para mim, o que este livro faz é, para além de
expor a história das pessoas que precisam de ajuda e que ainda não se
aperceberam de tal coisa, faz com que tenhamos um comportamento e pensamento
diferente em relação a pessoas que experienciam situações deste género. Pode
ser que, quando as pessoas lerem esta obra tomem mais medidas certas, de
maneira a ajudarem os outros.
Estrutura da Obra:
A
maneira como Sparks organizou esta obra e a escreveu, foi de uma forma bastante
diferente e, talvez, um pouco ousada. Este já tinha feito várias vezes de
narrador-protagonista, mas nunca realizou nada parecido com este tipo de
situação. A verdade é que a maneira como o autor se coloca na pele de Russel e
consegue escrever sobre algo que jamais havia experienciado, é algo deveras
interessante e fantástico.
Sparks
conseguiu fazer com que cada leitor fosse capaz de se submeter à mesma situação
que a personagem principal se encontrava a vivenciar (pelo menos, falando por
mim). É impressionante como cada parte da história, mesmo que sejam
acontecimentos mínimos, é tratada com o maior cuidado e paciência, tornando-se
assim na maior vantagem de ler o livro. Por exemplo, todas as descrições das
personagens, dos espaços e das situações que cada um tem que saber lidar,
conseguem mesmo levar a nossa mente até determinado sitio, fazendo com que
sejamos capazes de conviver com as próprias personagens existentes no livro.
Não
encontro qualquer tipo de desvantagem existente nesta obra – o texto
encontra-se bastante organizado, com todas as informações corretas e nota-se
bastante a procura, por parte de autor, pelas situações existentes neste livro.
Inspiração do autor:
Como
pai de três rapazes e duas raparigas gémeas, o autor afirma que não poderia
estar mais consciente das relações únicas que os pais têm com cada um dos seus
filhos. Na obra “Só Nós Dois”, Sparks escolheu “mergulhar” no vínculo existente
entre um pai e filha, explorando os desafios, riscos e claro, as recompensas.
O
autor sublinha que “esta é uma história de amor incondicional”, existindo não
só entre Russel e London, como também entre os membros de família que os
cercam. Ainda refere que “Às vezes, a vida não funciona como planeado, mas é
como nós damos cada passo em frente, como consertamos ou quebramos os laços,
que pode definir o nosso futuro.”. Este romance permitiu ao autor examinar as
reservas emocionais que cada um tem nas famílias e como podemos fortalecê-las com
o tempo.
Sparks
decidiu escolher a cidade de Charlotte, situada em Carolina do Norte, devido ao
sentimento de local perfeito para que os casais caminhem e as famílias passem
tempo juntas. Este sitio inclui boutiques e cafés que preenchem ruas
arborizadas; edifício da fábrica vintage;
é onde os grandes estados do sul se misturam com os melhores museus; para além
disso, é onde se situa o Hall of Fame
da NASCAR, tornando Charlotte em um dos melhores locais para fazer laços
familiares.
Opinião Final:
Já
há bastante tempo que não pegava num livro de Nicholas Sparks, mas depois de
ter lido a sinopse e as primeiras páginas de “Só Nós Dois” fiquei completamente
rendida à história de London, Vivian e, principalmente, Russel.
Sem
dúvida que esta foi a melhor obra que alguma vez li do autor. Apesar de todos
os trabalhos realizados pelo mesmo, sinto que todas as situações que compõem
este livro foram muito mais bem abordadas.
Este
é bastante mais do que um romance com uma história “lamechas” a que o autor nos
tem vindo cada vez mais a habituar, como o “Diário da Nossa Paixão”, “Corações
em Silêncio” ou “Uma Promessa para toda a Vida” – que expõem, maioritariamente,
o romance entre duas pessoas a desenvolver-se. O seu último livro é realmente
tocante uma vez que aborda vários temas como amor, traição, dedicação a um
filho, doença... Esta obra levou-me a experienciar imensas emoções: consegui
compartilhar da tristeza de Russel, irritar-me em diversas partes com a Vivian e
enternecer-me com toda a dedicação de Russel pela sua filha.
