Pertencente ao álbum “Distant Relatives” é cantada pelo
filho mais jovem de Bob Marley, Damien Marley, e pelo rapper " Nas " esta música é uma enorme crítica social, levantando
questões éticas e morais e apelando à aproximação entre pessoas de várias
culturas, daí o nome do álbum “Parentes Distantes” já que Damien e Nas não têm
qualquer ligação de sangue e não vivem nem proveem da mesma região, são criticados os média de manipulação de ideias e são valorizadas as regiões pobres alguns países do terceiro mundo.
Nota: Devido a influências jamaicanas da parte de Damien o
inglês é escrito de maneira bastante peculiar exibindo diferenças na
conjugação de verbos e nas conexões frásicas.
Letra:
(Interlude: Nas)
Here we are
Here we are
Yeah
This one right here is for the people
(dedicam a música às pessoas,
concretamente às minorias, aos que não tem voz.)
(Refrão x2)
Sabali, sabali, sabali yonkote
Sabali, sabali, sabali kiye
Ni kêra môgô
Hey yo D (Damien)
Let's go all the way in on this one
Tradução:
Paciência, paciência, paciência é bom
Paciência, paciência, paciência quando
Amas alguém.
Remete-nos para o próprio nome da música, mas em Suaíli idioma
oficial no Quénia e falado em diversas regiões africanas e é escolhido este
idioma devido à crença de Damien na filosofia rastafari cujo profeta foi um
imperador Etíope (outro país onde é falado suaíli) Haile Selassie e crêem que
foi lá de onde se originou toda a humanidade.
[Verse 1: Damian Marley]
Some of the smartest dummies
Can't read the language of Egyptian mummies
An' a fly go a moon
And can't find food for the starving tummies
Damien utiliza a
expressão smartest dummies (manequins mais espertos) pessoas que têm acesso à
educação, porém não conseguem entender a “ linguagem “ dos antigos, pois
pertencem a uma sociedade completamente diferente, fica implícito o desejo que
se educassem os locais para a investigação e melhor compreensão da própria
história.
Enquanto estes
manequins mais espertos gastam milhões para levar Homem à lua continuam a não acabar com a fome no mundo, questionamos-mos então do
porquê procurar novos planetas se nem no nosso conseguimos lidar com os
problemas existentes.
Pay no mind to the youths
Cause it's not like the future depends on it
But save the animals in the zoo
Cause the chimpanzee dem a make big Money
Provoca e divide opiniões, mas subentendo que é usado o sarcasmo ao dizer
para não investir nas mentes da juventude já que o futuro não depende deles mas que se salve os animais do zoo, devido ao
lucro que trazem.
A mensagem implícita é que se devia investir mais na
transmissão de valores , e que sim devemos salvar os animais, mas pelos motivos
certos, o que não acontece, já que estamos a deixar um legado de um mundo cada
vez mais capitalista às gerações vindouras.
This is how the media pillages
On the TV the picture is
Savages in villages
And the scientist still can't explain the pyramids, huh
Crítica aos media já que manipulam a imagem da realidade
passando a ideia que os ignorantes estão no mundo rural.
Apesar do desenvolvimento das cidades e dos eruditos que nelas
habitam, continua-se a não saber responder a várias questões.
Mais uma vez está omissa a vontade de Damien em formar “os
selvagens” pois entenderiam melhor a sua história.
(...)
Some of the worst paparazzis I've ever seen and I ever known
Put the worst on display so the world can see
And that's all they will ever show
So the ones in the West
Will never move East
And feel like they could be at home
Devido ao que nos é mostrado através dos médias (paparazzis
por exemplo), que nos passam erradamente o pior do mundo, contribuindo para o
racismo e xenofobia e criando barreiras e intrigas culturais de modo a que “aos
do Oeste nunca irão para Este e se sentirem em casa”.
(...)
(Refrão:) x2
[Interlude: Nas]
Yeah, Sabali. Thats patience. That's what the old folks told
me
Discovering the World before this World. A World buried in
time
Uncover with rhymes. It gets no realer
“Nas” revela que sabali o refrão é paciência, conhecimento
que lhe foi transmitido por antepassados, fala de um mundo antes de um mundo,
de um mundo perdido no tempo, um mundo encoberto em rimas que jamais se tornará
mais real do que isso, subentende-se que fala de tempos antigos, talvez até da
própria origem da Humanidade, a origem de tudo.
[Verse 2: Damian Marley]
Huh, we born not knowing, are we born knowing all?
We growing wiser, are we just growing tall?
Can you read thoughts? can you read palms?
Huh, can you predict the future? can you see storms, coming?
Se por um lado nascemos sem nada saber mas ao mesmo tempo
tudo sabemos, talvez apenas devemos aceitar o facto que existem questões que
não são para serem respondidas, e será que enquanto crescemos também nos
tornamos mais sábios? Talvez andemos a desenvolver capacidades erradas.
São lançadas uma série de perguntas às quais não temos uma resposta
que reafirmam que talvez apenas devemos deixar de procurar conhecimento que nos
transcende.
The Earth was flat if you went too far you would fall off
Now the Earth is round
If the shape change again everybody woulda start laugh
Outrora acreditou-se que a Terra seria plana, que quem ao
final chegaria cairia; Era uma verdade aceite pelo Homem até surgir um alienado
com uma ambiciosa teoria de que esta seria redonda o que na altura causou
estranheza mas hoje é aceite e aparentemente fidedigno e comprovado.
Se surgisse uma nova teoria, a atitude do Homem em geral
seria achá-la ridícula e desvalorizar, talvez nestes séculos que passaram a evolução
Humana não tenha melhorado a nossa atitude perante o estranho.
The average man can't prove of most of the things
That he chooses to speak of
And still won't research and find out
Estamos perante uma época em que estamos perante um excesso
de liberdade chegando a atingir a libertinagem, já que nos debatemos com a necessidade
de nos expressar demasiado e revelar ao mundo o que somos ou queremos parecer,
que acabamos por falar e ter opiniões acerca de temas os quais não sabemos o
suficiente para ter uma opinião, não é errado não nos manifestarmos sobre algo,
errado é divulgar falta de conteúdo ainda por cima quando se é influente.
E para concluir Damien ainda salienta que para além de se
falar do que não se sabe, não se procura realmente o saber.
The root of the truth that you seek of
Scholars teach in Universities and claim that they're smart
and cunning
Tell them find a cure when we sneeze
And that's when their nose start running
Crítica à falta de honestidade dos que ostentam títulos e se
vangloriam disso mas que na prática não os executam em função do bem mas sim do
lucro.
Pede-se que achem a cura para a gripe( um exemplo apenas) e a reacção é afastarem-se, como se fossem
superiores e aquilo não chegasse a afectar alguém como eles.
Can you read signs? can you read stars?
Can you make peace? can you fight war?
Can you milk cows, even though you drive cars? huh
Can you survive? Against all odds, now?
São levantadas mais uma série de perguntas e que contêm de
forma subentendida uma linha de pensamento brilhante.
Será que conseguiremos manter a paz mundial (aparente), e se
nos tentarmos imaginar em cenário de guerra, estaríamos preparados?
Em oposição ao Homem da cidade, erudito e actualizado,
que consegue fazer tarefas como conduzir, o do campo sabe ordenhar uma vaca.
Será que numa situação de tenção onde nos tenhamos de nos confrontar questões
como segurança, fome, e dependentes da confiança nos que nos rodeiam quem na
verdade iria estar mais
(...)
[Verse 3: Nas]
Who wrote the Bible? Who wrote the Qur'an?
And was it a lightning storm
That gave birth to the Earth
And then dinosaurs were born? damn
Who made up words? Who made up numbers?
And what kind of spell is mankind under?
Everything on the planet we preserve and can it
Microwaved it and try it
No matter what we'll survive it
What's you? What's man? What's human?
Anything along the land we consuming
Eatin', deletin', ruin’
Aqui observam-se mais questões que nos remetem para os
tempos antigos , para as origens da Humanidade e ainda temáticas religiosas e
espirituais.
No meu ponto de vista, aqui encontra-se o exemplo mais
direto e brilhante da mensagem de toda esta composição que não é mais do que uma forma escrita,
simplificada e precisa do que é o consumismo e salienta que qualquer coisa na
Terra é consumida, rapidamente esquecida
e sobra a ruina, a degradação.
(...)
Arte Multimédia 1º semestre 2017/18