Get out e um filme realizado por Jordan Peele este é o primeiro filme realizado pelo
actor norte-americano, que é mais conhecido pelos seus papéis na área da
comédia, ou pela sua interpretação do anterior Presidente Barack Obama no
programa “The Daily Show”.
Um filme que na superfície é anunciado como
pertencente há categoria de terror, comédia, mistério e suspense, apresenta uma
construção mais profunda com a sua historia que atinge o tema do racismo
ganhando no estrangeiro o titulo de “terror racial”.
Apesar de não ser propriamente um filme de terror, Get out consegue um efeito muito desejado pelo gênero. Ao decorrer do filme, o espectador em frente do ecran permanece tenso. A competência em induzir o suspense é tão grande, que se torna quase inacreditável que o diretor e roteirista do filme, Jordan Peele, sendo um novata na indústria. Claro, Peele é um ator há muitos anos. Mas a sua área de atuação sempre foi o humor.
Se a direção do filme é tão importante para induzir um estado de alerta constante, o incômodo maior deriva, certamente, das personagens. Ou, mais precisamente, do conceito que baseia a historia.
Este filme conta-nos a história de Chris um jovem fotógrafo negro que e convidado pela sua namorada branca Rose para conhecer os seus sogros. “Eles não são racistas”, garante Rose. E realmente não são, a definição de racismo mais usual parte do pressuposto do ódio. Apesar de todo um plano de fundo sinistro, a base dos conflitos, e do medo, é justamente a percepção da diferença entre as personagens. Chris só encontra pessoas da sua cor no papel de serventes. A família de Rose, e os amigos da família, brancos, tratam Chris o melhor que podem. Exaltam a sua naturalidade para se tornar um grande lutador. Interrogam sobre suas proezas sexuais. Fazem questão de afirmar a admiração por qualquer desportista negro que já tenha tido um destaque. O racismo, então, deixa de ser entendido apenas como o ódio e o nojo explícitos, uma faceta muito mais próxima da sátira do que da realidade. As entranhas de uma sociedade racista desdobram se justamente nos pequenos atos, que colocam o outro como objeto, ao invés de ser.
A problemática central do racismo é justamente essa objetificação, que passa muitas vezes por elogio. E passa longe de qualquer possibilidade de punição, legal ou moral. É considerado natural apontar o negro como mais apto a desportos, e valorizar sua aptidão física. E isso ajuda a reduzir o papel do negro ao trabalho civil. É considerado natural reduzir também a negritude ao fetiche sexual. Também se sente a necessidade constante de reafirmar a empatia, ou mesmo o carinho direto, por figuras públicas ou próximas que sejam negras, como forma de afastar a ideia incômoda de que sejamos racistas.
Apesar de todos os elementos teoricamente absurdos presentes em Get out, o filme assusta mais pela sua semelhança com a realidade.



