quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Paterson

Dirigido e escrito por Jim Jarmusch, “Paterson” é um drama cinematográfico franco-alemão-estadunidense, que teve a sua primeira aparição no festival de Cannes de 2016. O seu elenco é constituído por Adam Driver, Golshifteh Farahani, Cliff Smith, entre outros.
O filme resume-se, basicamente, a uma cidade, à rotina de um homem e a um poema. O protagonista “ Paterson” é motorista de um autocarro, tem uma namorada viciada nas cores preto e branco, tem um cão chamado Marvin, que passeia todos os dias à mesma hora, e possui um caderno, que leva para todo o lado, onde escreve poesia. A temática dos poemas são recolhas que faz de aspetos insignificantes do seu dia-a-dia, retratam a sua sossegada e rotineira existência na cidade Paterson, em New Jersey, assim como a sua visão contemplativa dos seus dias. A rotina de Paterson não só é evidenciada no decorrer do filme como também na repetição dos versos que escreve e que só mostra à sua namorada, Laura. Jarmusch pretende homenagear o poeta William Carlos Williams, que nunca saiu da cidade Paterson, e, tal como o protagonista, fez do quotidiano algo incessante, possibilitando-lhe levar a cabo as suas investigações.
O quotidiano banal e repetitivo que observamos no filme, mostra-nos que tudo o que acontece no nosso dia é motivo de valorização e apreciação porque nos ensina a observar a beleza das pequenas coisas que, muitas vezes, nos passa despercebida. É como quando passamos muitas vezes no mesmo sítio e acabamos por nos abstrair do que nos rodeia, achando que já o conhecemos como a palma das nossas mãos, no entanto, há sempre pormenores e pequenas coisas que ainda não conhecemos.
Para além da poesia escrita, existe uma poesia visual através dos planos de imagem que focam sempre pormenores que nos transmitem uma certa melancolia e nostalgia. No fundo, o filme mostra, sobretudo, que viver uma rotina não é algo assim tão mau porque há inúmeras coisas a descobrir, porque podemos sempre escolher o modo como olhamos para o que nos rodeia e porque, principalmente, permite-nos observar e não apenas ver.


“When you’re a child you learn 
            there are three dimensions:

            height, width, and depth.

            Like a shoebox.

            Then later you hearthere’s a fourth dimension:

            time.

            Hmm.

            Then some saythere can be five, six, seven…

            I knock off work,

            have a beer at the bar.

            I look down at the glass

            and feel glad.”