À questão: Será possível pensar sem situação?
...de volta ao pomar das obras de arte dispostas ao longo do corredor, há uma de entre as outras que lhe salta aos olhos, quase como se as suas formas lhe vestissem o pensamento. E ainda sem se perguntar do porquê de tal direcção - a do seu olhar -, questiona-se de como a poderá chamar, se ela não tem nome.
Nesta aparente impossibilidade de diálogo, a obra contém em si uma possível situação estratégica (consciente) para se manter na esfera do anonimato, não fosse o simples gesto de chamar [já] um acto de poder, afim de se não querer deixar apropriar.
Optando pela estratégia do anonimato (não identificação/identidade), com o fim de fugir à
Na tentação, pela sua inocência, de se mostrar na sua nudez, na sua forma natural como um corpo ainda assexuado (mesmo no contexto de escola enquanto significante, isto, hipoteticamente), uma vez exposta, a obra de arte (se é que se pode considerar como obra de arte antes de entrar no mundo simbólico) ficará sujeita às teias das palavras, ao discurso da descrição e identificação como significado. Assim, uma vez nomeada, dificilmente resistirá à lógica do controlo panóptico do biopoder, que tudo quer controlar, desde as coisas às palavras que as definem. Esse discurso de poder que foi o contexto para a sua criação poderá ser visto como uma limitação ao objecto enquanto significante, ou será uma liberdade (ficcionada) de criação de um objecto enquanto peça que pode criar discurso.
Como fugir a esta malha total de controlo?
Ainda na impossibilidade de a nomear ou de a descrever, a questão que se coloca é: "Compro ou não compro?"
Parece não haver outra escolha.